Sucesso de vendas no segmento dos SUVs de luxo, sobretudo para quem valoriza segurança automotiva, o Volvo XC 60 perdia clientes pelo motor e a transmissão. Não que o 2.0 turbo a gasolina e o câmbio de oito marchas sejam ruins. Ao contrário: são ótimos. Mas muitos que sonham com esse tipo de veículo fazem questão da autonomia, do torque e até do barulho que só os motores a diesel têm. Pois os suecos acabam de lançar o XC 60 D5, movido com esse combustível e que tem tudo para abocanhar grande parte do segmento no qual se destacam Land Rover Evoque e Toyota SW4.
Apresentado à imprensa especializada na semana passada em Minas Gerais, o XC 60 foi submetido a um duro teste. Percorreu estradas de asfalto esburacadas ao redor de Belo Horizonte com desenvoltura. Mas o mais notável foi a performance do 4x4 integral nas vias de terra e areia perto do Santuário do Caraça, na Serra do Espinhaço, enter os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara. O local é cercado de belas paisagens, mas com acesso difícil.
O motor tem tudo para emudecer quem tem preconceito aos modelos de cinco cilindros. Seu funcionamento é sem ruídos, sem sustos, sem reparos. Os 220 cavalos (mais potente da categoria) garantem fôlego ao veículo de 1.931 quilos, mas é o torque de 44,86 kgmf, obtidos a 3.000 rpms, que fazem a maior diferença. Na rodovia, a 120km/h, a rotação é inferior a 1.800rpms. Na prática, significa que o motor não faz barulho e fica muito econômico – o teste em Minas comprovou os índices do Inmetro, que apontam 9,5 km/l na cidade e 12,4 km/l em estrada. Dessa forma, é possível sair de Porto Alegre e ir até Montevidéu sem abastecer – ainda assim, seria possível rodar mais 96km.
Tração em qualquer terreno
O câmbio automático de seis marchas oferece trocas manuais nas aletas do volante, é silencioso e tem seu trabalho facilitado pela tração integral permanente. Por meio de sensores, um comando distribui a força nos eixos – o traseiro recebe entre 5% (estradas suaves) e 50% (terrenos difíceis), dependendo do nível de exigência.Quem acha que isso só funciona na terra, terá uma grata surpresa nas curvas no asfalto. O sistema reduz bastante a chance de escapadas por excesso de velocidade, além de manter o carro mais estável nas retomadas.
FICHA TÉCNICA
Motor: D5, 2.4, com cinco cilindros em linha. Produz 220cv a 4.000rmp e torque de 48,86 kgfm a 3.000rpm
Desempenho: 0 a 100km/h em 8,2 segundos
Transmissão: automática de seis velocidades
Tração: integral, oscilando de 5% a 50% na traseira
Direção: hidráulica-elétrica
Freios: disco nas quatro rodas, com ABS
Rodas: alumínio, 18 polegadas (o estepe é bem inferior às outras quatro)
Suspensões: dianteira independente, do tipo McPherson, e traseira semi-independente
Dimensões (mm): comprimento, 4.644; largura (espelho a espelho), 2.120; altura, 1.713; entre eixos, 2.774
Porta-malas: 495 litros
Peso: 1.903kg
Tanque: 70 litros
Freada no sucesso
Em 2009, quando o mercado automotivo Brasil parecia uma mina de ouro, a Volvo trouxe para o Brasil o XC 60. O lançamento foi praticamente simultâneo à apresentação mundial. Mesmo com a vertiginosa queda nas vendas cinco anos depois, os suecos não têm muito do que reclamar.Desde que foi lançado, o SUV vendeu pouco mais de 17 mil unidades no país – todos a gasolina, claro.
– Temos demanda reprimida de modelos a diesel nesse setor, é o que nossos clientes apontam. Com essa nova versão, temos certeza de que as vendas vão crescer muito – arrisca o diretor comercial da Volvo Car Brasil, João Oliveira.
Considerando os modelos de porte semelhante, o mercado teve a venda de 11,8 mil unidades este ano. O domínio absoluto é da Toyota SW4, com mais de 7 mil unidades vendidas. Land Rover Discovery, com outras 2 mil unidades, também aparece à frente da XC 60, que desde janeiro teve pouco mais de mil unidades comercializadas.
O modelo é o carro-chefe da montadora no mundo – a cada quatro unidades da Volvo vendidas no planeta, uma é XC 60. No Brasil, a representatividade é ainda maior: 53%. O segmento a diesel, desde 2014, cresce o dobro do que o dos SUVs movidos a gasolina. Agora, terá a Volvo na concorrência.
MARCA QUER EXPANDIR E FARÁ NOVA PARCERIA NO ESTADO
Mesmo antes de começarem a ser entregues nas concessionárias do país, o XC 60 a diesel superou as melhores expectativas dos chefes da Volvo. De acordo com a montadora, foram 200 encomendas. Parte do sucesso se deve à promoção mantida até o final de setembro.Já em outubro, o modelo de entrada Kinetic e o top Momentum terão aumento de cerca de 8% – passarão, respectivamente, a custar R$ 216 mil e R$ 242 mil.
A aposta no diesel é tão grande que a Volvo espera que o novo combustível, já em 2017, seja responsável por mais de 50% das vendas. De acordo com o diretor comercial João Oliveira, nos próximos seis meses mais duas lojas se juntarão à rede de 27 concessionárias existentes hoje – uma será em Campo Grande e a outra, no Interior de São Paulo.
A operação no Rio Grande do Sul também passará por mudanças. Conforme Oliveira, a Eurobike, atualmente responsável pelas vendas no Estado, não ficará mais com a Volvo. O término da relação já está acertado entre as partes, assegura o diretor comercial. Já a partir de setembro, o novo parceiro dos suecos no Sul deve ser o Grupo Iesa, que tem no portfólio várias outras marcas de automóveis e motocicletas.
– Esperamos a assinatura do contrato para as próximas semanas. Temos confiança qu será muito bom para todos – avaliou Oliveira.
PONTOS FORTES
- O motor é excelente e “conversa”! com intimidade com a transmissão de seis marchas
- A segurança está bem à frente da dos concorrentes, sobretudo pela proteção contra impactos laterais e contra o efeito chicoteS
- O sistema Sensus de navegação inclui rastreamento do veículo e até socorro automático em caso de acionamento dos airbags. É gratuito por um ano, e depois o custo é de R$ 1,3 mil ao ano
PONTOS FRACOS
- As versões trazidas para o Brasil não contam com fechamento e abertura elétrica do tampão traseiro. Faltaram também os controles de descida e de subida, que por enquanto só europeus e americanos terão acesso
- O estepe é em outra medida de largura (a fábrica não informou o tamanho) e de tamanho em relação ás rodas originais. A justificativa é que, com isso, ganha-se mais espaço no porta-malas. A verdade é que, pelo preço do carro, as cinco rodas deveriam ser iguais
AS VERSÕES
XC60 D5 Kinetic, R$ 199.950 mil – Controle do sistema de audio no volante, display central de 7” (sem tele sensível) com DVD player, entradas AUX , USB e IPOD, 8 alto-falantes e bluetooth, assento do motorista com regulagem elétrica e memória, assentos dianteiros com aquecimento, suporte lombar elétrico e revestimento em couro (o traseiro dispensa uso de cadeirinha para crianças), ar-condicionado digital dual zone, sistema de qualidade de ar multi-ativo (clean zone), airbag frontal para motorista e passageiro, sistemas de proteção contra impactos laterais e contra lesões na coluna cervical, assistente de frenagem de emergência, alarme, trava elétrica para crianças, computador de bordo (funções ECO, start/stop, piloto automático e de estacionamento traseiro, sistema de entretenimento e conectividade, volante com regulagem de altura e profundidade, Volvo on Call, rodas de alumínio.
XC60 D5 Momentum, R$ 224.950 mil – Acrescenta espelhos retrovisores elétricos com desembaçador e memoria, assentos dianteiros com suporte lombar elétrico câmera traseira de estacionamento, teto solar (elétrico), assento do passageiro com regulagem elétrica, sistema de navegação GPS, painel de instrumentos digital de 8” personalizável com 3 temas, rodas com design diferente, sensor de chuva e sensor de estacionamento dianteiro.