Provavelmente poucos jogadores da Seleção Brasileira darão ao palco do próximo jogo a devida importância. O Estádio Centenário, local da final da primeira Copa do Mundo é um dos chamados "templos do futebol". Nele existe um museu riquíssimo em recordações do primeiro mundial de futebol e das conquistas da Seleção Uruguaia, como o título de 1950, o famoso "Maracanazo". Os uruguaios reverenciam o lugar, tanto que na entrada principal está escrito: "Estádio Centenario. Monumento del Futbol Mundial". Na próxima terça-feira (17) são esperados 65 mil torcedores para o clássico entre Uruguai e Brasil.
O Kiosco
Se o Estádio Centenário é um monumento do futebol, a 200 metros dele há outro local interessantíssimo, mas bem mais modesto. O "Kisoco do Estádio" (veja o vídeo acima) é uma destas pequenas vendas de bolachas, sanduíches, alfajores e bebidas que mais parece uma banca de jornal. Só que, segundo Fabián Zaquieres, 57, o proprietário, "ali se respira futebol". Junto com os parceiros Leonardo Olivera, 55, e Jorge La Banca, 50, eles não param de falar do esporte. Todos são torcedores do Penharol, mas fazem concessões para o rival Nacional quando o assunto é seleção uruguaia. Leonardo, por exemplo, não nega que é admirador de Luís Suárez e que queria ver o jogador do Grêmio, criado no Nacional, de volta à Seleção.
Os três discutem até quando concordam. Nenhum acha que o Uruguai vence o Brasil na próxima terça-feira. Aos gritos e gesticulando muito, Jorge e Leonardo apostam em empate, enquanto Fabián diz que será 2 a 1 para o Brasil. Outra controvérsia barulhenta: Leonardo gostava de Oscar Tabárez como treinador. Seus companheiros, porém, gritam e não criticam o argentino Marcelo Bielsa, achando que ele é um nome certo para levar a Celeste a mais uma Copa.
Bronca Uruguaia
Se você quer ver uruguaios de cara feia, basta perguntar o que eles acharam da decisão da Fifa de homenagear o centenário da Copa do Mundo, em 2030, com uma partida na abertura do mundial em Montevidéu. "Una verguenza" (uma vergonha) é o mínimo que se ouve. Mario "Cogollo", torcedor do Penharol é enfático:
— Primeiro não deixaram a Copa ser aqui e agora não garantem nem uma abertura monumental no Estádio Centenário. Dividir com jogos na Argentina e no Paraguai diminui qualquer tipo de homenagem num mundial que vai ocorrer na Europa e na África.
Casa Brasileira
A Seleção de Fernando Diniz ocupa desde a noite de sexta-feira uma mesma concentração já utilizada nos dois últimos confrontos diante do Uruguai, ambos sob o comando de Tite. O luxuoso Hotel Hyatt Centric fica numa região alta na Praia de Pocitos com vista ampla para o Rio da Prata. Em março de 2017 houve uma goleada brasileira por 4 a 1 com o volante Paulinho marcando três gols.
Já em 2020 o placar foi mais modesto, mas outra vez deu Brasil: 2 a 0 em época de limitação de público em função da pandemia. Antes disso, mas em outra concentração, os brasileiros estiveram na capital uruguaia nas eliminatórias de 2010 e goleou por 4 a 0. A última vitória dos donos da casa em Montevidéu foi lá em 2001, quando Felipão estava estreando para a campanha do penta.