Só estão mantidos o local e o adversário. Tudo o que demais envolve Náutico e Grêmio para o jogo deste domingo (23) é distinto do que se viu no final de 2005 na Batalha dos Aflitos. As principais diferenças estão no anfitrião, totalmente desmobilizado e em crise.
Naquele jogo havia um estádio superlotado, vibrando com o time pernambucano e hostil aos gremistas. Agora o dono da casa que enfrentará poucos, mas irados torcedores seus. A delegação tricolor está tranquilamente hospedada na tradicional e movimentada Praia do Pina, num hotel cheio de turistas. Há 17 anos, a concentração foi em Igarassu, distante mais de 40 quilômetros de Recife, num resort praticamente exclusivo para não haver perturbação.
Embora haja hoje preocupação com a segurança, não haverá nada semelhante com a intensa pressão vivida dentro e fora do campo em 2005.
Remanescente improvável
Mesmo sem haver comparação com a Batalha dos Aflitos, vale lembrar que dois personagens gremistas da delegação atual estavam naquele episódio de 2005. O mais lembrado é Lucas Leiva.
O volante, naquela época, não era titular da equipe. Ainda jovem, ele entrou na segunda etapa do jogo e se tornou um dos símbolos daquela vitória. O outro remanescente é surpreendente. Mauri Lima, preparador dos goleiros do Grêmio, era profissional do Náutico na ocasião e viveu o lado da profunda decepção daquela tarde.
Crise pernambucana
Uma semelhança que existe entre o final da Série B de 2022 com a de 2005 é a situação ruim do futebol pernambucano. Nas duas ocasiões, não há clubes do Estado na primeira divisão. Hoje, a única e remota chance de um subir é do Sport. O Náutico, atual bicampeão estadual, vai para a Série C e o Santa Cruz fracassou na D.
Naquela oportunidade, ainda havia uma euforia pela possibilidade de dois subirem para o Brasileirão 2006, algo que só foi obtido pelo Santa. A grande festa recente do futebol em Recife foi vista na última quarta-feira (19), com a conquista da Copa do Brasil pelo Flamengo. Houve bandeiraço e carreatas pelas ruas da capital pernambucana.
Caiu
Ninguém do Náutico esperava algo diferente do rebaixamento matemático na noite de sexta-feira (21). Nenhuma reação pública foi vista ou ouvida em Recife, seja de revolta dos torcedores do clube ou de chacota por parte de rivais.
Os pernambucanos não acreditam que a definição da queda do "Timbu" altere a animosidade dos torcedores contra profissionais e dirigentes. O clima é belicoso, mesmo que tenha havido uma nota oficial com pedido de desculpas à torcida.
No Grêmio, não há nenhuma reação quanto aos fatos. Diego Souza disse que para o grupo não há diferença entre enfrentar uma equipe ameaçada ou rebaixada: "Nossa questão é o nosso time".