Miguel Ángel Ramírez nem estava na casamata no jogo que está determinando ou já determinou sua saída do Inter. Seu assistente sequer falou sobre a partida e a eliminação da Copa do Brasil. Não havia razão. Não teria o que projetar, pois estará junto com o treinador na troca de comando colorada. O presidente Alessandro Barcellos teve habilidade, ou falta de, para "demitir sem demitir" em sua entrevista coletiva após a derrota para o Vitória.
Definitivamente, fracassou a tentativa da diretoria de romper os paradigmas futebolísticos do Inter, tendo Ramírez como artífice desta façanha. Que não sejam culpados apenas os resultados ruins pelo fracasso do projeto. O desempenho ficou muito abaixo do esperado, e os dirigentes colaboraram para o insucesso da comissão técnica e da equipe.
Poucos se deram conta de que havia um festival de inexperiência no vestiário colorado. Faltou estofo para todos os setores, e um time vice-campeão brasileiro há pouco mais de três meses está transformado numa caricatura.
Não de discutam os conceitos, que já se mostraram eficientes em muitas equipes mundo afora, mas a aplicação. No Inter, não deu certo o chamado jogo posicional, fracassou retumbantemente a saída de jogo com bola tocada, sumiu a intensidade em função de uma verdadeira falência física dos atletas.
Assim, faliu a tentativa de sepultar o jogo reativo, tido como retrógrado. A ação propositiva mal executada levou os colorados a um vice-campeonato gaúcho sem vitórias em clássicos, uma classificação difícil num grupo facílimo na Libertadores, uma eliminação em casa na Copa do Brasil contra um adversário da Série B e uma goleada constrangedora sofrida no Brasileirão contra o Fortaleza.
A relação de resultados é consequência do desempenho. Nada está fora do lugar. Claramente, a figura do comandante não cativou os atletas, seja no carisma como na orientação tática. Os jogadores nitidamente não compraram a nova ideia, talvez por não saberem executá-las, algo que não foi percebido pelo insistente treinador.
Jovem, idealista e perseverante, Miguel Ángel Ramírez se inviabilizou por não conhecer o Inter, seja o elenco, o ambiente ou o espírito do Beira-Rio. Há de se considerar também que quem apostou no técnico precisava ter a noção de sua juventude e falta de currículo num clube do tamanho de um campeão mundial.