A contratação de Taison pelo Inter foi importantíssima pela questão técnica e pelo que ele agrega de qualidade e experiência à equipe nos jogos. Além disso, o ex-jogador do Shakhtar significa liderança com conhecimento do clube e um passado vitorioso para ensinar a jovens e nem tão jovens que estão no vestiário colorado — sejam jogadores, outros profissionais ou dirigentes. Isto pode até ser um fardo pesado demais para um atleta, ainda que diferenciado. É, portanto, momento de se buscar auxílio externo — alguém como Paulo César Tinga.
O nome de Tinga é algo simbólico. Talvez nem precise ser ele o chamado, mas é hora de a diretoria colorada procurar algo como uma consultoria, alguém capaz de aproximar realidades.
A primeira delas é de um grupo diretivo disposto a revolucionar conceitos de futebol com uma equipe de profissionais, entre gestores e comissão técnica, com pouca vivência no clube e alguns, como Miguel Ángel Ramírez, ainda em início de carreira. Em comum e como ponto positivo está o idealismo e a busca da modernidade. Se o projeto der certo, quem hoje contesta se dobrará.
A segunda realidade que precisa de apoio é o grupo de jogadores. Taison pode não ser suficiente para criar uma consciência de que é possível dobrar o nítido abatimento decorrente dos insucessos dos últimos anos. A falta de capacidade de reação se tornou uma característica colorada.
Há uma crise anímica que se mostra fatal em momentos importantes da história recente, como nas disputas dos títulos da Copa do Brasil de 2019, do Brasileirão no ano passado e nos clássicos, valendo título ou não.
Uma figura como Tinga tem experiência vencedora dentro e fora de campo, capacidade de liderança, vivência de gestor de clube e, acima de tudo, um sentimento profundo de quem é torcedor do Inter e se identifica com a torcida, gozando de total credibilidade junto a ela .
No momento em que, por diagnóstico interno, o clube sai em busca dos chamados "jogadores sanguíneos", colocar alguém com o perfil de Tinga junto ao futebol do Inter não significa a necessidade de contratá-lo.
Valem encontros, palestras, participação em delegações, seja como queiram a aproximação. O que é necessário para que a tão esperada revolução do futebol colorado aconteça é uma reaproximação com experiências vencedoras dentro do próprio clube. Alguém precisa ensinar novamente o caminho das vitórias no Beira-Rio.