Em Bento Gonçalves na semifinal do Gauchão, quem ouviu as entrevistas do Inter após a derrota para o Juventude ficou com a nítida impressão de que o clube de Caxias do Sul jogou num gramado diferente daquele em que atuou o time de Miguel Ángel Ramírez. Realmente, o piso da Montanha dos Vinhedos estava muito ruim, mas certamente isto afetou os dois times. Na Venezuela, depois de perder para o Táchira, novamente veio à baila que as condições do campo prejudicaram muito a equipe colorada. Mesmo verdadeiros os relatos, não valem as justificativas.
O Inter no Gauchão ganhou de goleada do Aimoré em São Leopoldo num gramado muito ruim no Cristo-Rei. A atuação não foi boa, mas o placar foi elástico. Nenhuma declaração, no entanto, fez alusão às condições do campo no vestiário colorado. Os problemas estão sempre além da grama, e determinadas explicações passam a ser encaradas como desculpas frágeis ou, na linguagem popular, "chororô".
Seguindo esta dependência tão absoluta do Inter por um gramado de excelente qualidade, ele precisaria jogar sempre no Beira-Rio. Menos mal para os colorados que o último Gre-Nal do Gauchão é na Arena, cujo campo também é de alta qualidade.
Talvez resida aí a esperança de título para o time de Ramírez. Se uma hipotética decisão fosse na Montanha dos Vinhedos ou na Venezuela, já era possível entregar o troféu para o adversário.
Há outros problemas no Inter que determinaram as derrotas em gramados ruins, da mesma forma que existem virtudes muito explícitas nas recentes goleadas no Beira-Rio que não apenas a excelente qualidade do campo.
Simplificações normalmente são perigosas maneiras de mascarar a realidade, seja involuntária ou propositalmente. É preciso sempre se saber porque se ganha e a razão pela qual se perde.