Desde os tempos de Renato Portaluppi, em meio aos problemas de lesões ou às preocupações extracampo que o perturbaram, Jean Pyerre nunca teve uma reposição capaz de dar ao time do Grêmio uma consistência igual à sua nos melhores momentos. A exigência neste caso é grande, mas não surgiu nada parecido.
Muitas foram as tentativas — praticamente todas se tornaram fracassos. Elas passaram pelas contratações pífias de Thiago Neves e Robinho. Também houve as colocações de Pinares e Alisson, e os resultados também foram ineficientes. Tiago Nunes chegou e já se viu com o mesmo problema, mas achou em Darlan uma alternativa de resultado surpreendentemente bom.
Enquanto o garoto Pedro Lucas, esperança definitiva para a posição, amadurece, Darlan formou nos últimos jogos um sistema que a princípio é de três volantes, com Thiago Santos e Matheus Henrique ou Maicon. O detalhe é que o próprio técnico muda a nomenclatura da posição. Para Tiago Nunes, o garoto são-borjense é meia, pois esta é a função a ser desempenhada.
Longe da característica e até da qualidade técnica de Jean Pyerre, Darlan mostra de sobra a competitividade que se cobra do titular, que mais uma vez está lesionado e com especulações sobre uma saída do clube.
A busca do passe longo com o pé esquerdo é uma característica de Darlan. A verticalidade destas jogadas o diferencia dos toques mais laterais de seu parceiro de meio-campo Matheus Henrique. É bem verdade que Matheusinho, sob o comando de Tiago Nunes, já se lançou mais para perto da área, mas é seu companheiro quem melhor executa as assistências pelo centro.
Darlan não é o típico articulador, o pensador, aquele que para a bola e pensa o jogo. Ele, no entanto, é quem melhor está fazendo a ligação entre meio-campo e ataque. Sua presença mais adiantado evita o risco de que passes eventualmente interceptados deem aos adversários uma perigosa proximidade do gol gremista.
O missioneiro é ousado, não tem medo de correr riscos e mostra uma taxa de entrega que agrada quem o comanda e quem torce pelo time. Sem ser uma solução que possa ser dada como ideal, até agora numa amostragem pequena, mostra-se a melhor alternativa a Jean Pyerre, cuja recuperação é sempre incerta. Enquanto não se buscam reforços urgentes, amadurece a opção vinda de São Borja.