Quem lembra do grande Grêmio comandado por Renato Portaluppi que encantou o Brasil por dois anos a partir de 2016, que guarde bem as imagens na memória ou reveja jogos e lances nas plataformas multimídia. O desgaste natural de uma maneira de jogar, a falta de reposições qualificadas para perdas importantes e o inevitável envelhecimento de peças fundamentais criaram uma situação sacramentada com a eliminação na Libertadores diante do Independiente del Valle. Com a continuidade do comandante, sua missão agora é reinventar seu time, seja na escalação ou na maneira de atuar.
Com quem está no elenco atualmente, no cenário de condição física do grupo desde a temporada passada e avaliando-se características técnicas dos atletas, a repetição da "era de ouro" de Renato está distante. Um novo momento precisa ser criado, ainda que sob todo o peso de uma eliminação e debaixo de críticas ferozes do torcedor tricolores. Não está proibido de, sob um mesmo comando, ser criada um novo ciclo vitorioso. Há, porém, de se exigir o desapego de velhos conceitos e escolhas. Só assim haverá uma necessária transformação.
É hora do treinador e de seu assistente ousarem. Se preciso for, que se use um novo esquema. Se necessário, por exemplo, que se volte a usar três volantes como Renato fazia em 2013. Se houver viabilidade, que haja a adoção do reatualizado 4-3-3. Não importa o que venha a ser feito, o que o Grêmio necessita é de algo diferente daquilo que foi sua formatação nos últimos dois anos e que cada vez funcionou menos. Não há mais a marcação alta e eficiente que havia, garantindo gol cedo e sustentando os resultados até com ampliação de placar. Falta a intensidade que a equipe apresentou em tempos de Ramiro, Luan, Arthur e de um Maicon que não existe mais.
Se resolver correr o risco de uma transformação, Renato Portaluppi merecerá um crédito muito maior do que se insistir em fazer seus atuais jogadores desempenharem como os antigos o faziam. Mesmo que sofra com cobranças que nunca teve como técnico gremista, só ele tem estofo para promover uma verdadeira retomada com revisão de conceitos. É hora de, mesmo em meio a competições, mostrar atitude e evitar comodismo e conflitos desnecessários.