
Não existe nada mais importante para um técnico que chega de longe, que não fala a língua de seus jogadores e que ainda está conhecendo seu clube do que dispor de tempo. Também é importante não haver decisões antes de ter uma adaptação mínima. Miguel Ángel Ramírez terá a seu favor algo que Eduardo Coudet, também estrangeiro, não teve no Inter. A fórmula do atual Gauchão é diferente do de 2020, quando, após seis rodadas, já se tinha uma ou duas decisões seguidas e com a possibilidade da ocorrência de um Gre-Nal. Em 2021 não haverá enfrentamento com o rival antes do dia 11 de abril e esta partida será pela fase preliminar, algo que volta e meia significa equipes descaracterizadas. Jogo decisivo, mesmo, só a partir do início de maio.
Se não são as circunstâncias ideais para a preparação colorada até que comecem os jogos da Libertadores em abril ou as decisões do Gauchão logo em seguida, não há grandes riscos de desgaste para o trabalho. Há um razoável período de tempo e um número de partidas que permitem testes, oportunidades e o desenvolvimento do conhecimento da nova equipe de comando no Inter. A preocupação com uma vaga entre os quatro primeiros times da fase classificatória não se mostra provável, vista a diferença apresentada entre o nível da dupla Gre-Nal e dos adversários nas primeiras duas rodadas.
Coudet no ano passado precisou conviver em menos de dez rodadas com um Gre-Nal eliminatório, o qual perdeu e ficou fora da decisão do primeiro turno. Não há como negar que fatos deste tipo geram um primeiro ponto de desgaste ou frustração. Isto não acontecerá num campeonato de um turno apenas. Miguel Ramírez e os novos profissionais do futebol do Inter não conhecerão nenhuma pressão ou desconfiança nos primeiros 50 dias de trabalho, pelo menos no que diz respeito ao Gauchão. Assim os colorados também poderão dar uma dedicação máxima ao início da fase de grupos da Libertadores previsto para 21 de abril.