Quatro dias após chegar em Porto Alegre e depois de acompanhar os jogos contra o Juventude e o Pelotas pelas primeiras rodadas do Gauchão, o técnico Miguel Ángel Ramírez foi apresentado como o novo treinador do Inter para os próximos dois anos — 2021 e 2022.
Antes de sua apresentação, o espanhol foi saudado pelo presidente Alessandro Barcellos, que ressaltou a convicção no trabalho do novo comandante, recém chegado ao Brasil.
— É um treinador com perfil inovador, que trabalha com ferramentas específicas e despertou o interesse de vários clubes do país. Quero agradecer aqui, em público, ao Miguel. Quando apresentamos o projeto, compreendeu o nosso objetivo e mergulhou mais fundo nas nossas propostas para o futuro do clube. O Inter escolheu o Miguel e o Miguel escolheu o Inter. Isso é fundamental para que possamos fazer um grande trabalho — disse Barcellos.
O Inter será o segundo clube profissional de Ramírez que, até o ano passado, era o treinador do Independiente Del Valle, do Equador, onde conquistou a Copa Sul-Americana de 2019. O espanhol salientou, assim como presidente colorado, a convicção no trabalho feito por ele e pelo clube ao longos dos próximos anos.
— Eu acredito muito nesse projeto. Temos uma comissão de muita capacidade. Desde o primeiro momento, tive a certeza que era esse o novo local, que era esse o nosso próximo passo. Estamos convencidos de que os torcedores vão estar contentes com a sua equipe. O futebol é um espetáculo, se paga para se divertir, e, claro, para ganhar. Viemos para isso, ninguém joga para perder. Viemos ganhar e vamos fazer tudo que está ao nosso alcance para convencer o grupo de jogadores, para que possamos ser campeões. Espero que possamos construir uma história bonita juntos — afirmou o treinador antes de responder as perguntas dos jornalistas.
Confira outros trechos da entrevista:
Grupo de jogadores
Creio que vamos indo ajustando, acomodando o plantel a nós e a nós ao plantel. Ainda precisamos estar com ele, ir introduzindo o nosso trabalho, vivenciando, analisando as respostas individuais, para aí tomar decisões junto com o clube. Necessitamos desse tempo, de conhecimento mútuo, para começar a ver as respostas, como se adaptam, quem é capaz de evoluir e quem não. É um trabalho conjunto. Uma aventura juntos. Vamos trabalhando e conhecendo, vamos poder tomar decisões desse nível.
Adaptação às dificuldades do futebol brasileiro
Infelizmente, os últimos meses no Equador nos preparam para isso, uma partida a cada dois dias, as vezes sem conseguir treinar. Creio que desenvolvemos ferramentas para nos reinventarmos. Quando não há treino, o vídeo e o quadro são companheiros de viagem, vamos tirar dessas ferramentas para transmitir o que pensamos em cada momento. Sabemos da questão do calendário e do resultado. Vamos quebrar a cabeça semanalmente para ver como podemos ser mais eficientes. A estrutura do clube é grande e competente, isso vai somar para enfrentar a dificuldade.
Mudança de mentalidade do time
Vamos ter tempo, vamos começar na segunda, fazendo testes físicos, os jogadores vêm de um período de descanso e férias. Precisamos fazer os testes de covid e a partir daí trabalhar, transmitindo uma mensagem com conteúdo. Temos treinamentos suficientes para construir. O Gauchão vai nos ajudar para ir competindo, ajustando para tentar chegar nas melhores condições na Libertadores e no Brasileirão. Sabemos que é algo novo, distinto do que vem sendo feito, vai levar tempo, mas não tenho dúvidas que conseguirão fazer o que lhes pediremos.
Inexperiência em equipes principais
Este pensamento limitante é o que faz não termos coragem para que Lucas Ribeiro, Pedro Henrique, Nonato, Praxedes não joguem. Porque não tem experiência. Falta isso, não podem jogar. Como que vão jogar? Esse pensamento limitante é o que faz não colocarmos os garotos a jogar. Com o treinador acontece o mesmo. Às vezes temos que ter isso bem claro para colocar os garotos no campo e o treinador no banco.
Escolha pelo Inter
Inter chegou quando tinha que chegar, e às vezes não se sabe bem o porquê, mas quando dois pontos precisam se encontrar, eles se encontram e dão as voltas que precisam dar para terminar juntos. Enquanto estive no Del Valle não via minha saída como conveniente, me pediram para ficar e não podia deixar na mão o clube e as pessoas que me deram tudo. Pedi até dezembro, me deram. Voltei a falar com eles, perguntando se era possível ouvir propostas. E o Inter chegou na hora que deveria chegar. Primeiro pela pessoa que chega, que para mim é alguém muito importante no futebol, e ao conhecer o projeto e as pessoas. Dou muita importância às pessoas que estão por trás do projeto, e o Inter tem pessoas diferenciadas. Foi o que me pesou para vir.
Responsabilidade de ser campeão
Não é fácil. Os anos sem títulos indicam que não é fácil ganhar um título, pois só ganha um time. Para ganhar é preciso juntar vários fatores. Sabemos que muitos caminhos diferentes levam a vitória, neste sentido, primeiro vamos tentar dar uma injeção de otimismo e esperança a um grupo que certamente ainda está abalado pelo que viveu, e com a convicção de que entendemos este esporte como a chance de voltar a tentar. Como na última rodada, que a bola deu na trave, não entrou ou foi impedimento, tomara que no ano que vem estejam em posição legal, a bola entre, e que sejamos campeões. Mas é difícil ser campeão.