O empate cedido pelos garotos do Inter no final do jogo contra o Pelotas pode ter frustrado os colorados, mas não caracterizou uma injustiça. O jovem time dirigido por Fábio Matias em duas rodadas vem cumprindo bem sua missão, talvez tendo atingido a metade do caminho previsto até a estreia da equipe principal sob o comando de Miguel Ángel Ramírez. Até agora, nenhum jogador salta aos olhos como postulante a uma vaga no time titular, nem o goleiro Daniel, que paga tributo pelo longo tempo sem atuar e mostrou momentos de raro brilho contra o Juventude e uma falha grave na Boca do Lobo.
Se não há nenhum titular imediato para Ramírez na equipe que está disputando o Gauchão, surgem boas sinalizações como o atacante Guilherme Pato, o lateral-esquerdo Leo Borges e, já mais conhecido, o volante Johnny. Nos demais, não há nenhum totalmente descartável, o que cria a expectativa positiva pela sequência para vê-los diante do São Luiz na segunda-feira (8). Há, entretanto, um jogador que anima por uma característica própria e rara. O meia Lucas Ramos é adepto do arremate e tem bom desempenho nos chutes à média distância. Hoje em dia isto é uma fortuna.
Depois de ter ido bem na estreia contra o Juventude, Lucas repetiu a dose em Pelotas com direito a gol de fora da área. Ele reedita o que muitos chamam no futebol de "chuta-chuta", mas tem uma vantagem em relação, por exemplo, a outros especialistas em arremates como o ex-colorado Nico Lopez.
O uruguaio exagerava no individualismo e tinha a ideia fixa de dominar e bater em gol. Na maioria das vezes, a bola não entrava e ele perdia a chance de servir um companheiro. No camisa 10 do time de garotos, o que se nota é a capacidade de chutar forte e com boa direção, mas com senso coletivo para dar um passe quando a situação não é propícia para o chute.
Isso sem falar que atua bem como meia de articulação. Um batedor de faltas e destemido em arriscar de fora da área com a bola andando é uma fortuna para qualquer time, especialmente quando os gols acontecem para recompensar o esforço. Não importa se para marcar seja preciso um desvio na zaga, o importante é tentar sem comprometer, é ter confiança e potência para o chute. Esta pode ser uma boa receita, um atalho, para ser opção imediata no grupo principal.