Há muito tempo a televisão passou a balizar horários de partidas de futebol. Existem alguns bem tradicionais, como 16h ou 17h nos finais de semana, ou até 21h30min nas quartas ou quintas-feiras.
Da mesma maneira, convivemos com coisas terríveis, como marcar partidas para depois das 21h nos sábados e até domingos, ou colocar para mais tarde nos chamados dias úteis. Esta discussão não tem motivos para existir em tempos de pandemia e estádios fechados. O que era ruim agora parece bom. O péssimo se torna ideal e já poderá ter uma prévia em São Luiz x Grêmio nesta quarta-feira (31).
Se estivéssemos vivendo um momento de normalidade com torcida nos campos e vida livre nas noites, um Gre-Nal marcado para as 22h15min de um sábado seria uma insanidade, digna de reclamações por todas as plataformas para os responsáveis por sua marcação. A solução encontrada para o clássico do próximo fim de semana, porém, tornou-se a melhor possível por vários motivos e só traz benefícios:
1) Com o horário mais tardio do que o de costume, está viabilizada a transmissão do jogo em canal aberto de televisão, na RBS TV. Todos os torcedores do Estado poderão acompanhar a partida em suas casas, ao contrário do que seria em outro horário, no qual apenas os privilegiados detentores de pay-per-view teriam as imagens.
2) Não havendo público no estádio, os prejuízos que uma partida tardia representa, como a volta de madrugada para casa, não ocorrem. O torcedor pode até acompanhar o jogo deitado para optar por dormir, caso a qualidade técnica seja ruim.
3) Com o distanciamento social e as restrições para atividades de entretenimento em bares, restaurantes ou casas noturnas, um jogo na TV às 22h15min da noite de sábado se torna solução para preenchimento do tempo. É como se a emissora anunciasse um filme espetacular como atração ou um último capítulo da novela.
4) Para os assíduos telespectadores da programação tradicional, não haverá nenhuma troca ou redução nos programas de linha da TV aberta. O Gre-Nal é apenas um espetáculo especial depois de tudo o que é consagrado pela audiência.
5) Não existe diferença básica para os jogadores. Do ponto de vista físico e fisiológico, seria mais prejudicial se a partida fosse no horário de domingo pela manhã, quando o relógio biológico dos atletas é mais afetado.
6) O sábado em questão para o clássico fica em meio a um feriadão.
Relacionadas estas razões, vale dizer que os jornalistas que cobrirem o clássico, o pessoal do apoio, da logística e da estrutura do jogo irão trabalhar até mais tarde do que o normal numa noite de sábado. Pode aí surgir alguma reclamação, mas para isso basta fazer de conta que é quarta-feira. A grande vantagem é que o dia seguinte será domingo, um domingo de Páscoa sucedendo um Gre-Nal no sábado de Aleluia.