Um dos maiores clichês do futebol é quando alguém diz que o jogo mais difícil ou importante para seu time é "o próximo", não distinguindo quem é o adversário. A intenção sempre é a de não precipitar decisões ou expectativas de algo que não será imediato. No caso do Inter neste Brasileirão, faltando cinco rodadas e com uma liderança que impede o mais próximo perseguidor de alcançá-lo em apenas uma delas, dizer que a partida imediata é a mais difícil da competição é uma verdade absoluta.
A adversário colorado da vez é o Athletico-PR, na próxima quinta-feira (4), em Curitiba. As dificuldades em enfrentar o Furacão na Arena da Baixada são conhecidas. O time paranaense é bom, luta por vaga na fase preliminar da Libertadores, ainda ostenta o título da Copa do Brasil e tem a seu favor a utilização de um gramado sintético que se faz estranho e dificultoso para quem o enfrenta.
A novidade em termos de obstáculos para o Inter está nele próprio. A cada partida nesta reta final de competição, o líder carrega um peso maior de tensão, o que muitas vezes se reflete em desgaste físico e emocional, afetando o rendimento técnico.
Nesta quinta-feira, o Inter enfrentará seu jogo mais difícil deste Brasileirão, como foi até o domingo o confronto contra o Bragantino e como será, no próximo dia 10 de fevereiro, a partida diante do ameaçado Sport.
Não importa a tradição ou a colocação na tabela. Os colorados já estão vendo a cada rodada crescer a dificuldade. O time de Abel Braga virou alvo, seja para os inimigos diretos da tabela, como para aqueles que precisam de pontos e afirmação moral. Já há um recorde de jogos vencidos consecutivamente e uma consequente gincana entre os concorrentes para quebrar esta série.
Contra o Bragantino, houve o alerta do treinador para a qualidade do time paulista. Não foi só isto que determinou o sofrimento colorado para vencer. A atuação não foi exuberante, houve a necessidade de correção no intervalo e sofrimento para se estabelecer a vantagem. Algumas peças renderam menos.
A relação é clara com a situação de liderança. Há mais nervosismo. Pesa sobre os jogadores a responsabilidade de transformar uma liderança, até certo ponto folgada, em um título que há mais de quatro décadas não é conquistado. A perna passa a pesar mais, a bola perde a forma esférica e o companheiro fica mais distante para o passe.
É na administração destas adversidades que Abel tem se mostrado notável, bem como seu grupo, com figuras como Patrick, Edenilson e Marcelo Lomba, para lembrar três mais experientes.
Outro personagem importante, Rodrigo Dourado, não jogará em Curitiba por suspensão, criando mais um obstáculo no tenso jogo da Arena da Baixada. A ilusão se renovará até uma definição de fato da classificação, seja com taça ou não. Fica para o torcedor uma ideia que dura até a partida seguinte, a de achar que "se ganhar mais esta, ninguém segura".