O que aconteceu de extremamente desagradável para o Inter no Maracanã na penúltima rodada do Brasileirão poderia não ter sido evitado, mas certamente estaria minimizado não fosse um grave pecado cometido pelo próprio time colorado. Está cristalizado que a derrota para o Sport, no Beira-Rio, foi o momento que desequilibrou a caminhada rumo ao tetracampeonato brasileiro. O jogo que teve praticamente todos os erros individuais cometidos e quase nenhuma contribuição coletiva pode se tornar o verdadeiro emblema da maior frustração do clube nos últimos anos. É bom recordar e avaliar bem aquela noite de 10 de fevereiro. Se houver a tradicional, mas inócua, caça às bruxas, é possível que elas estejam escondidas naquele fracasso.
Houvesse vitória contra o time pernambucano que tentava fugir do rebaixamento, a distância de pontos entre Inter e Flamengo permitiria até equívocos da arbitragem no Maracanã, catimba dos cariocas e falta de postura do adversário. Em campeonato de pontos corridos não é apenas força de expressão dizer que "todos os jogos são decisivos". Uma derrota no Rio de Janeiro, pois mais anormal que tenha sido, ou até imerecida, seria plenamente natural, ainda mais conhecendo-se o poderio flamenguista, dentro ou fora do campo, já que se discute também este ponto.
Se o tetracampeonato escapou dos colorados, o que ocorreu contra o Flamengo podia até ter acontecido se estivesse cumprida pelo Inter uma lição de casa muito mais fácil. Foram os colorados que se colocaram, por erros bem claros, ao alcance de prejuízos extra-campo e irreversíveis.
Agora, com abatimento natural, sentimento de injustiça e dependência de uma zebra de um tropeço flamenguista diante do São Paulo, será preciso construir uma situação de milagre. Para o jogo do Maracanã, a preparação foi correta, não havendo reparos na escalação ou em providências externas mobilizadoras como a viabilização da escalação de Rodinei. A falha colorada foi não ter consumado a imunidade que esteve em suas mãos contra o Sport.