Surgiu em Porto Alegre, através do vereador Mauro Pinheiro (PL), um projeto para a liberação de público nos estádios da capital gaúcha. Imediatamente o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Luciano Hocsman, revelou que já há a intenção de, consultadas autoridades municipais e estaduais, permitir torcedores nos jogos do próximo Gauchão. Louve-se as boas intenções do parlamentar e do dirigente. É até possível que se chegue à conclusão de que há condições técnicas para tal. A prática, porém, já nos ensinou que isto é inviável e servirá provavelmente para desmoralizar seus incentivadores.
Talvez falte conhecimento ao vereador e sobre pressão para com o presidente da federação. Não há nenhuma evidência de que a utilização de 25% da capacidade dos estádios não significará aglomeração descontrolada. A recente final da Libertadores da América no Maracanã foi um escândalo de imprevidência mostrada pela TV para todo o mundo. Certamente isto não passou sem ser percebido por quem agora quer promover algo parecido no Rio Grande do Sul. Se Mauro Pinheiro e Luciano Hocsman não sabem, o futebol infelizmente não promove reuniões organizadas e regradas quando a bola rola. Vejam as multidões que cercam ônibus de delegações ou que fazem suas manifestações a frente de hoteis.
O Brasil é pródigo em leis que nascem para não ser obedecidas e que fomentam a impunidade a quem as burla. Não há como fiscalizar o uso de máscaras ou a aproximação excessiva entre pessoas num estádio de futebol. Faltarão fiscais ou aqueles que agirem acabarão constrangidos. Assim é o Brasil e a nossa Província de São Pedro não tem nada de diferente do resto.
Começar o Gauchão com torcedores nos estádios será manchar a competição que em 2020, quando a pandemia estava numa situação menos ruim, foi balizadora da boa conduta sanitária. Há tempo para políticos e dirigentes refletirem se vale à pena convidar o coronavírus para a maior competição do futebol gaúcho.