Desde que Renato Portaluppi assumiu como técnico gremista em 2016, nunca houve de parte do treinador reações tão iradas diante de resultados negativos. Quem acompanhou as últimas entrevistas do técnico tem a nítida impressão de que existe insegurança, mesmo que diante de uma final de Copa do Brasil, ou praticamente garantido na próxima Libertadores, ainda que podendo disputar a fase preliminar. Em meio a acusações por atacado contra a imprensa, as arbitragens e rivais, pode-se filtrar alguns pontos que estão deixando tenso o comandante tricolor.
1) Declínio técnico
O Grêmio, mesmo garantido na final da Copa do Brasil, não tem a segurança que gostaria para se preparar para a decisão. O time não apresenta uma regularidade técnica e terá, diante de si, um adversário poderoso e que vem apresentando um rendimento médio superior.
As soluções propostas por Renato não apresentam a eficácia necessária, os dois referenciais técnicos do time, Jean Pyerre e Pepê, estão devendo, Matheus Henrique está irregular, Pedro Geromel está fora até depois dos confrontos com os palmeirenses e ninguém novo surge com protagonismo técnico capaz de animar o torcedor.
As recentes derrotas para Inter e Flamengo, ambas de virada, aumentaram a desconfiança quanto à preparação física, e o tom das entrevistas do treinador fazem o torcedor se dividir sobre alguém que sempre teve aprovação.
2) Tabela do Brasileirão
Não bastasse a incerteza quanto à Copa do Brasil, o Brasileirão já virou passado na tentativa de conquistar o título e se complicou para a busca do G-4. Isto seria importante para estabilizar tudo para o início da temporada 2021. A chamada pré-Libertadores é um fardo pesado e incerto para se carregar.
Para tal, porém, sobram palavras de confiança e faltam argumentos de certeza. A decolagem não sustentou um voo tão longo, e já houve perda de altitude. O time vem jogando pouco, por mais que haja elogios e palavras superlativas nas entrevistas.
3) Perspectiva do rival
O terceiro fator que gera tensão é a possibilidade de o Inter ganhar o Brasileirão, ainda mais depois da vitória no clássico do último domingo (24). A cultura gaúcha do futebol ensinou desde sempre que a estabilidade de um está muito ligada à instabilidade do outro. Se o rival for campeão, só o título da Copa do Brasil minimizaria o efeito na Arena, mas ainda assim se discutiria uma igualdade que nunca houve desde que Renato Portaluppi voltou para o clube.
Ele, sob o comando do presidente Romildo Bolzan Júnior, aprendeu e ensinou a torcida a estar num patamar superior aos colorados. De parte do técnico, a simples ameaça de que isto aconteça o está afetando demais, deixando aflorar atitudes exageradas, desrespeitosas e dignas de paranoias infantis. Talvez seja este o principal motivo para tanta perturbação, algo inimaginável para quem tem tanta experiência. Se os rivais não forem campeões, podem apostar que a fala voltará a ser mansa.