Enquanto Romildo Bolzan Júnior for o presidente do Grêmio, Renato Portaluppi tende a ser o treinador. Os acertos entre ambos são diretos e quase imediatos, a afinidade não poderia ser maior. Um dá segurança ao outro, mesmo quando há turbulências. Assim tem sido nos últimos quatro anos, e é provável que siga sendo.
Há, entretanto, o velho risco das pressões e do chamado desgaste — não entre dirigente e treinador, mas da torcida e de outras vozes influentes contra este modelo estabelecido e que só garante a continuidade de Romildo.
Um eventual resultado ruim na Copa do Brasil será mais um elemento a enfraquecer Renato, já pressionado em função dos insucessos nas chamadas grandes competições desde o ano passado. As críticas são permanentes e seguem os argumentos de "ciclo encerrado, excesso de poder e desgaste no cargo".
Por isso, o confronto diante do São Paulo ganha tanta relevância, além dos milhões de reais em disputa e da chance de voltar a levantar uma taça de nível nacional. O que menos importa é a vaga na Libertadores. Esta, mesmo com uma classificação não mais do que boa no Brasileirão, vai ser garantida, mesmo que na fase preliminar da competição.
Ganhar do São Paulo, seja na Arena ou no final do confronto, dá para apostar que transforma a tendência da permanência de Renato para 2021 em uma quase certeza. Só não pode, numa eventual final, perder o título de maneira vexatória, algo para o qual o fracasso diante do Santos na Libertadores deve ter servido de vacina.
Os resultados dos dois jogos diante dos são-paulinos passarão diretamente pela orientação gremista que sair da casamata. Assim foi na Libertadores por duas vezes.
As características dos adversários são diferentes, mas não é só por isso que o Grêmio precisa mudar. Há a necessidade do time se postar melhor em campo, de fazer valer individualidades que fracassaram, especialmente na Vila Belmiro, e de ter um desenho capaz de tornar a posse de bola algo produtivo.
Enfrentar um time treinado por Fernando Diniz é estar numa disputa particular de estratégia e tática. É jogo em que o que decide é o comandante — os jogadores apenas cumprem o estabelecido. Se o Grêmio executar bem, ganha a vaga na final, e seu técnico estará mais sólido do que nunca para seguir na Copa do Brasil, tentar mais um título e ter a certeza de que no ano que vem seguirá no cargo, para desgosto dos que certamente ainda falarão em desgaste ou ciclo encerrado.