A temporada 2020 não terminou, mas a virada do ano permite avaliações retrospectivas como que o calendário estivesse encerrado. Como é de praxe, o trabalho de treinadores é observado e destacado para se saber quem conseguiu fazer com qualidade aquilo que era proposto. No Rio Grande do Sul, mesmo com o Grêmio de Renato Portaluppi classificado com méritos para a decisão da Copa do Brasil, nenhum técnico se mostrou mais competente do que Pintado, do Juventude.
Contratado em março e estreando apenas após a parada pela pandemia, em julho, o técnico do Juventude amargou um resultado altamente negativo na eliminação do Gauchão em casa para o Esportivo quando era franco favorito por estar jogando muito mais do que a equipe de Bento Gonçalves.
Esta decepção veio exatamente porque o time de Pintado já dava mostras de qualidade coletiva e se desenhava até como ameaça para a dupla Gre-Nal. Na Copa do Brasil, a caminhada foi barrada pelo Grêmio de Renato em dois jogos apertados para os tricolores e com méritos para o Juventude.
Além do sempre valorizado Renato, campeão estadual mais uma vez pelo Grêmio, entre os técnicos de relevância no cenário gaúcho neste ano, merecem ser destacados os trabalhos de Eduardo Coudet no Inter, tentando romper paradigmas, mas sem completar sua missão.
Abel Braga entrou numa situação delicada e terminou o ano com prestígio em alta. No Caxias, Rafael Lacerda teve imensos méritos ao ser vice-campeão do Gauchão e Cláudio Tencati deu um jeito no Brasil de Pelotas na fase final da Série B.
O que valoriza, porém, sobremaneira o ano de Pintado é a campanha na Série B do Brasileirão. O Juventude sai de 2020 com uma classificação bem encaminhada para a primeira divisão, ainda que faltem rodadas decisivas. Mais do que isto, a qualidade do futebol apresentado é ímpar entre os clubes do Interior gaúcho numa disputa nacional.
Quem vê o Ju atuando acompanha uma equipe ambiciosa, com padrão de jogo definido, competitiva e organizada. É bom, bonito e até empolgante assistir ao time da Serra jogar, especialmente sabendo que a realidade do Interior está a léguas e milhões de distância daquilo que é praticado pelos grandes clubes da Capital.