Foi assustador, no bom sentido, como o Grêmio melhorou, se impôs e reviveu seus grandes momentos no jogo contra o Botafogo pela simples presença de Maicon no meio-campo. O volante é o último remanescente do time que encantou o Brasil há três anos, ainda que a dupla de zaga siga sendo a competentíssima formada por Geromel e Kannemann.
O time ideal de Renato Portaluppi se fez pelo meio-campo, e o ex-capitão é figura fundamental no pouco que resta. O problema é saber quantas vezes ele poderá jogar em sequência para garantir a presença do DNA vencedor nas campanhas do Tricolor nas competições que se seguem.
Maicon não tem resistência física para suportar a carga de jogos duas vezes por semana. A combinação da idade com a série de lesões enfrentada durante a carreira limita sua assiduidade nos jogos.
É comovente vê-lo se exaurir em campo, tentar compensar com uma garra gigantesca a limitação do corpo e, ainda assim, ser protagonista na base da técnica exuberante e de uma liderança notável. Tudo isso chega a ser épico, mas tem seu lado extremamente preocupante: a queda de qualidade e a perda de rumo do time sem o volante tornam o Grêmio um time médio.
O normal para administrar as condições físicas de Maicon é que ele não jogue todas as partidas. Isso, no Brasileirão, é grave em função da fórmula de pontos corridos. Um desfalque como ele, já está provado, cria enormes dificuldades.
Será absolutamente normal se Renato o preservar para jogos de Libertadores e Copa do Brasil, cujo caráter decisivo é muito maior. Nestes, porém, a tendência de desgaste também cresce, especialmente para alguém que tem o espírito competitivo do sempre capitão e representante do técnico dentro de campo.
Cabe diretamente a Renato Portaluppi, dentro de sua proposta de "reinvenção" da equipe, procurar um meio de minimizar o efeito da ausência de Maicon. Hoje, para ter qualidade, o time precisa tê-lo como titular e reviver o velho modelo tático, como se viu na última quarta-feira (14). Isso, porém, é perigosíssimo.
A perda do volante, por opção ou necessidade, voltará a determinar queda de desempenho. A busca de alternativas é imperiosa.