Não se trata de achar que técnico estrangeiro é melhor do que os profissionais brasileiros, mas precisa ser considerado mais do que uma coincidência o fato de as três primeiras colocações do Brasileirão estarem com times cujos treinadores vieram do Exterior.
Além disso, a lembrança da mais recente disputa nos remete a campeão e vice treinados por gringos. Além de ser a hora de um alerta nacional, é possível comparar as razões para os de fora estarem tão bem — Jorge Sampaoli e Domènec Torrent têm justificativas na ponta da língua da maioria das pessoas , mas o caso de Eduardo Coudet é um pouco diferente e merece apreciação.
O Atlético-MG de Sampaoli abriu os cofres, submeteu-se às vontades e caprichos do treinador e deu a ele um time que, sem competições paralelas, lidera o Brasileirão e tem a obrigação de estar sempre entre os três primeiros colocados.
Algo igual pode ser dito do Flamengo de Domènec. O time manteve a base multicampeã deixada pelo português Jorge Jesus e permitiu ao espanhol até passar bem pelas dificuldades de adaptação. A expressão popular "o campeão voltou" está muito clara e ameaçadora para os demais clubes do Brasileirão.
O Inter de Coudet é diferente. O time se mostra quase um intruso irredutível entre os líderes. Sem os investimentos milionários que beneficiam os estrangeiros do Galo e do Fla, não se pode dizer que foi dada uma condição diferenciada para alguém que vem do Exterior. Com seu inegável grupo "corto", o argentino está à frente de brasileiros que possuem mais investimento por trás de seus trabalhos, casos de Fernando Diniz no São Paulo ou Vanderlei Luxemburgo no Palmeiras.
Se Jorge Sampaoli e Domènec Torrent fazem grandes trabalhos, Eduardo Coudet também o faz, e sem grupo milionário, o que valoriza mais o técnico colorado. Esta é a vantagem do Chacho, um mérito a mais e que não pode ser sonegado. Dos três gringos líderes, o colorado é o que tem menos obrigação de título, mas dá mostras de que não é o grupo curto que vai tirar sua ambição.