Duas semanas depois de uma atuação horrorosa no Chile, que despertou a ira de seu torcedor contra o treinador Renato Portaluppi, o Grêmio é o único time de seu grupo classificado antecipadamente para as oitavas-de-final da Libertadores. Neste intervalo, houve duas partidas sem brilho e sem vitória no Brasileirão, mas aconteceu um Gre-Nal, o jogo mágico para os tricolores nos últimos tempos. Os gremistas falam muito em "imortalidade", em ressurgimento quando nada parece dar certo. Realmente algumas coisas que andam acontecendo entram no rol dos fenômenos do futebol.
Claro que havia um favoritismo do Grêmio em casa contra a Universidad Catolica e a vitória não foi surpresa para ninguém. O detalhe é que a equipe jogou muito pouco, quase nada no primeiro tempo. Chega a ser inexplicável um time como o chileno ter 78% de posse de bola na primeira etapa. Bastou um minuto do segundo tempo para Pepê mais uma vez reviver Everton Cebolinha e mudar tudo. Na defesa, horas antes, houve a confirmação de que os sagrados Geromel e Kannemann estavam com covid-19. Por definição, isto é terrível só de imaginar. Também era difícil de prever que o exatamente o jovem Rodrigues, segundo reserva do setor, iria entrar, jogar bem, fazer um gol de centroavante e sair de campo com tudo para ser dono da posição no Gre-Nal do Brasileirão.
O futebol do Grêmio não convence, mas a série acachapante de invencibilidade em clássicos ou a vaga por antecipação na Libertadores num grupo em que está o maior rival derrubam sólidos argumentos táticos e técnicos. Não se sabe o que acontecerá primeiro: ou o time passa a jogar bem regularmente, aproveitando a esteira de tranquilidade que o Gre-Nal cria; ou as más atuações passam a redundar em resultados totalmente negativos e sem recuperação em jogadas mágicas. Nada disso pode ser previsto. Quando se espera uma coisa, a equipe de Renato Portaluppi faz o contrário. Lembremos a decisão do Gauchão, quando, com moral de quem eliminou o rival e ganhando por dois gols o primeiro jogo, quase que o título foi perdido para o Caxias dentro de casa numa performance inexplicavelmente ruim.
Imprevisível, ilógico, surpreendente... É um fenômeno este Grêmio de Renato.