O Grêmio é tricampeão gaúcho. Claro que o time mostrou merecimentos e fez o que mandava o regulamento para ganhar o título. É justa, portanto, toda a comemoração do torcedor. É também justificada a preocupação dos tricolores que viram a conquista ameaçada por mais uma queda de rendimento da equipe no segundo tempo.
Se no Centenário o Caxias desanimou ao ter um gol anulado corretamente pelo VAR e logo depois ter sofrido um golaço de Everton, na Arena, o bom time, muito bem treinado por Rafael Lacerda, foi dominador, virou o jogo e só não saiu mais feliz porque não atingiu o saldo necessário.
Não há nenhum desrespeito ao Caxias em apontar problemas do Grêmio como componentes importantes no resultado do jogo final. Eles se tornaram comuns nas últimas partidas, sejam as do Gauchão ou no Brasileirão. A queda de rendimento na segunda etapa é nítida e capaz de fazer o time ceder placares e pontos. Só para citar um exemplo fora da decisão gaúcha, relembremos o jogo contra o Flamengo no Maracanã. Mesmo quando joga bem, a equipe gremista vem cedendo espaço e perdendo intensidade.
Seria muito simples falar de um possível problema físico. Não é o que parece que estar acontecendo. O atual grupo tricolor é muito diferente daquele que há dois ou três anos executava com maestria o troca de passes em curto espaço, a marcação alta e a transição.
Tudo isto está mais lento para ser executado, o que facilita para os adversários que há muito tempo estudam o modelo gremista. Mesmo que careça de reforços, o elenco do Grêmio não consegue repetir o jeito de jogar consagrado por Renato Portaluppi.
Não houve relaxamento ou aquilo que Renato um dia chamou de "nana nenê". Contra o Caxias faltou mecânica de jogo e continuidade de execução. Possivelmente soluções estejam tanto nos treinamentos como nas novas contratações.
É bom ter em mente que o Grêmio está jogando menos do que já jogou, está colocando em risco jogos em que deveria ter tranquilidade e que mantém uma situação estável muito por força das vitórias em clássicos. Isto vale muito, mas não é tudo.