Ganhou o título quem tinha uma grande vantagem na final e se valeu do regulamento. O campeão tem o merecimento, valorizado pelo adversário. Foram finalistas os que melhor jogaram. O Grêmio é tricampeão consecutivo, algo que não ocorria desde 1987.
Mesmo com um sobressalto no final da decisão do Gauchão 2020, o campeonato que já entrou para a história pelo simples fato de ter ido até o final com todos os jogos previstos ficou com o Tricolor. Na conquista ninguém brilhou mais do que Diego Souza, o meia campeão de 2007 e que ao retornar, 13 anos depois, consagrou-se como típico centroavante, algo tão característico na história centenária do certame, inclusive marcando o gol que, de fato, valeu a taça.
Sem precisar da vitória, o Grêmio não jogou bem. Foi irregular, perdendo intensidade após a marcação do seu gol e apresentando um meio-campo que se submeteu à natural reação caxiense. O Gauchão, de fato, foi decidido no primeiro confronto no Estádio Centenário. Do jogo da Arena ficaram, paradoxalmente a taça e muitos alertas.
Se Diego Souza foi o artilheiro do Gauchão e definiu isto também pelo gol na final, Renato Portaluppi deixa a competição igualado a Oswaldo Rolla, o último técnico três vezes campeão consecutivo do regional.
Os campeões, porém, precisam atentar para o fato de que no Brasileirão que será retomado na próxima quinta-feira (3) há uma necessidade maior. Com o título estadual, independentemente da derrota na final, há um efeito imediato de superioridade na rivalidade local, mas isto não melhora o desempenho.
Vencido o Gauchão, ficam alguns importantes recados para as competições que se seguem. A dupla suplente de volantes, com Lucas Silva e Darlan tem bom entendimento, mantém a característica dos titulares Maicon e Matheus Henrique, mas não garantiu o controle de jogo diante do Caxias.
A lateral esquerda tem em Cortez um multicampeão em decréscimo técnico. No ataque, é normal que a ausência de Everton Cebolinha vá ser sentida, seja ele substituído por Pepê ou pelo xará Everton. A intensidade de meio-campo ainda não foi obtida, embora a capacidade técnica notável de Jean Pyerre. De bom, o tricampeonato traz certeza de que a lateral direita não sofre com o revezamento entre Victor Ferraz e Orejuela.
O Grêmio ganhou porque fez o que tinha de fazer para ganhar. Merece comemorar, mas também precisa ouvir os recados do campo. O que o Gauchão traz de positivo é algo moral, emocional, anímico. Tecnicamente, coisas muito mais difíceis virão logo ali.