O anúncio oficial da volta do Campeonato Gaúcho para o próximo dia 23 premia os anseios de dirigentes, muitos torcedores e acima de tudo o trabalho científico dos clubes em busca de segurança sanitária. Não se trata de uma queda de braço vencida contra o governador ou uma imposição atropelada no momento em que o Rio Grande do Sul vive sua pior situação na pandemia. É natural que a decisão vá gerar discussões acaloradas e com bons argumentos de todos os lados numa hora em que a tendência para tudo é mais de fechar do que de liberar. Embora o paradoxo, não parece haver incoerência.
O momento é de muita preocupação de um modo geral e o futebol precisa se proteger para que não venha no futuro a ser apontado como agente que colaborou para piorar o que já está muito ruim. Os jogos acontecerão em locais tão ou mais seguros do que a maioria dos lugares que frequentamos diariamente por necessidade ou até por prazer. O que não se pode é achar que, por haver jogo, os hábitos de curtir esta paixão seguem os mesmos. É preciso mudar. É tempo de evitar a churrascada convidando os amigos, de ir ao bar que tem o pay-per-view , de se aproximar do estádio para saudar a delegação na passagem do ônibus. O desafio não é mais de profissionais e dirigentes do futebol. É do torcedor, como é do cidadão a responsabilidade de sempre usar máscara, de evitar de ir ao supermercado para simplesmente ver as novidades.
As arquibancadas vazias no Gre-Nal do retorno do Gauchão, o primeiro da história sem torcida, e nos demais jogos, são o alerta permanente de que a pandemia não passou, mas que protocolos bem seguidos permitiram a volta do futebol. Os clubes, o governo e a federação foram zelosos. Cabe ao torcedor também o ser.