O Gauchão 2020 já está na história e, desde sua elaboração tratou de homenagear pessoas igualmente importantes. O Caxias conquistou o primeiro turno e levou a Taça Ewaldo Poeta, em homenagem ao maior dirigente da história do Farroupilha de Pelotas e figura emblemática de nosso futebol. Agora, no returno, o homenageado poderá fazer a entrega do troféu. O ex-presidente da federação gaúcha, Francisco Noveletto, tem todos os méritos para ser lembrado como nome de taça num campeonato que durante anos ele comandou e deu novos rumos comerciais e de visibilidade. De Noveletto também é uma herança cujas primeiras amostras são as melhores possíveis, seu sucessor Luciano Hocsman.
De temperamento bem diferente de quem o antecedeu, mostrando qualidades próprias, se desvinculando da ideia de criador e criatura, mas seguindo os ensinamentos, Hocsman dá sequência a realizações bem sucedidas de Noveletto e não contraria o que deu certo durante anos. Só não deixa de mostrar sua marca, especialmente na inédita e indigesta missão de tentar concluir um campeonato durante uma pandemia. Jovem, pela primeira vez atuando à frente de uma entidade representativa como a FGF, o atual presidente não abre mão da experiência em seus vices e na diretoria da casa, além de aproveitar o que aprendeu com seu guru.
Tirando o destempero injustificado de Eduardo Coudet e principalmente D'Alessandro após o Gre-Nal de Caxias, nada se ouviu de protestos de clubes ou profissionais por tudo o que foi feito no acidentado Gauchão. Luciano Hocsman foi ágil ao parar o certame, rapidamente deu conta que era preciso falar com clubes e com entidades de classe prevendo uma longa parada. Definiu corretamente que não haveria rebaixamento e passou a manter contatos constantes que seguem acontecendo diariamente com autoridades estaduais e municipais para viabilizar a disputa dentro de protocolos sanitários adequados. Nunca houve atropelo ou forçação de barra por parte do dirigente, embora tenha sofrido pressões para tal. Se o campeonato vai terminar, mesmo de uma forma esfarrapada na terra dos Farrapos, isto deve-se a quem comanda o nosso futebol.
O Gauchão 2020 tornou-se a própria imagem do imprevisível, um jogo de quebra-cabeça em que as peças mudam de forma durante a montagem. São leis alteradas, regulamento precisando ser trocado, clubes retirados de suas casas, busca por medidas de saúde, estádios não preenchendo requisitos, cidades que nem time tem no certame passando a sediar jogos, televisão abrindo mão de grades rígidas...Tudo passa pelo comandante da operação.
Caberá a Luciano Hocsman, em data ainda a ser definida, pela primeira vez como presidente, entregar a taça ao campeão de um Gauchão. Dentro das circunstâncias e do protagonismo que ele teve para a conclusão da competição, bem que o troféu poderia ter o seu nome. Que o longo restante de mandato seja bem menos turbulento, mas de igual sucesso para o presidente.