As cenas lamentáveis vistas na Inglaterra com a festa dos torcedores do Liverpool pelas ruas da cidade, comemorando o título do Campeonato Inglês, mostram claramente que o futebol tem uma fronteira muito tênue entre a colaboração e o alto risco em tempos de pandemia. Foi totalmente desobedecida a orientação das autoridades inglesas, que queriam manifestações domésticas.
Se é verdade que as partidas com estádios vazios acalmam a população temerosa da doença e a mantêm em casa por alguns momentos, basta um motivo de comemoração para tudo ser esquecido, a lei e as normas, subvertidas, e o coronavírus ser convidado a se alastrar entre aglomerações festivas nas ruas.
Foi assim no primeiríssimo mundo da Inglaterra, como já havia sido nos bares da Catalunha num jogo do Barcelona e como, quando o Gauchão, no início do isolamento, teve uma rodada com portões fechados. E voltará a ser assim. Torcer para o time do coração é mais do que uma devoção religiosa, visto que os templos fechados não transferiram aglomerações para outros locais, mesmo em datas sagradas. Imaginem a volta do Gauchão com Gre-Nal, Bra-Pel e Ca-Ju. Não haverá como conter o ajuntamento. A contraposição entre razão e paixão é a mais pura verdade quando se fala em futebol, seja em terras brasileiras ou em qualquer lugar do planeta.
Não se trata de pedir para que não se retomem os jogos. Eles vão acontecer, dentro da necessidade de "evitar a quebradeira". Isto é certo, e a bola vai rolar no Brasil antes de setembro, já com festas de campeões por todo o Brasil.
Sobre as comemorações, óbvio que repetiremos o que os "desenvolvidos" europeus fizeram. Haverá gente nas ruas, as máscaras sendo esquecidas e os abraços e beijos se multiplicando. Este é o nosso futuro, fácil de prever. Como defesa contra o coronavírus, que venham prodígios da ciência e muitas orações que a nós protejam.