Pode até ser que o ex-presidente colorado Fernando Carvalho não tenha participado diretamente do processo de demissão de Odair Hellmann, mas sua figura e ideias seguem muito presentes nas decisões da diretoria do Inter. Talvez o ex-dirigente nem concordasse com a decisão, mas sua imagem inspira muito os rumos pelas bandas do Beira-Rio.
Fundador e guru do Movimento Inter Grande, o MIG, Carvalho tem seus discípulos comandando o clube e se mantendo coesos ao ponto de não haver a cogitação oficial da saída de um dos integrantes do grupo, Roberto Melo, do departamento de futebol. Espere-se, portanto, que o novo técnico colorado se alinhe ao que já foi visto com nomes como Antônio Carlos Zago, Guto Ferreira ou o próprio Odair. É de duvidar que o próximo treinador seja alguém que fuja de um perfil admirado pelo presidente campeão do mundo.
Outra coincidência que revela o protagonismo absoluto do MIG é o distanciamento do primeiro vice-presidente eleito, João Patrício Herrmann, do processo de transição no comando técnico. O segundo vice, Alexandre Chaves Barcellos, é o fiel escudeiro do presidente Marcelo Medeiros, tendo sido, inclusive, o responsável pela comunicação da demissão a Odair. Seria de estranhar a pouca participação de Herrmann nas reuniões e manifestações oficiais, não fosse o fato dele ser oriundo de outros movimentos políticos que não se alinharam tão próximos a Fernando Carvalho. Filho de ex-presidente campeão e já tendo passado pelo departamento de futebol, seria uma obviedade vê-lo mais próximo das decisões.
O atual momento colorado permite antecipar algo que só ocorrerá ao final de 2020. Alexandre Chaves Barcellos tem seu nome se destacando para ser o candidato do MIG à sucessão de Marcelo Medeiros, tendo Roberto Melo enfraquecido naquilo que seria uma candidatura natural. Quanto a João Patrício Herrmann, pode até fazer parte de uma futura composição, mas provavelmente sem a influência que deveria ter, caso fosse do MIG.