Após quase um ano da mudança para os Estados Unidos, Giovanna Waksman, atacante de 14 anos, voltou a atuar nos gramados do Brasil. Em Porto Alegre, ela é uma das atrações durante o período de treinos da Seleção Brasileira sub-20, comandada pelo técnico Jonas Urias, em preparação ao Sul-Americano da categoria.
Durante o domingo (16), o Brasil disputou um jogo-treino contra a equipe principal do Inter. A atividade amistosa terminou com vitória das anfitriãs, por 2 a 1. No entanto, o resultado não foi o maior destaque. O que se viu foram os primeiros indicativos da evolução de uma jovem promessa.
Como o colete de n° 20, atuou caindo mais pela ponta esquerda de ataque. No tempo de amostragem, mostrou potência ofensiva e cuidado com o papel defensivo. Sempre foi possível vê-la aparecendo e pedindo a bola para as companheiras, arriscou dribles, partiu para cima das defensoras, foi alternativa nos lances de bola parada e ajudou na marcação, especialmente na saída de bola adversária.
Gigi apresenta algumas características do modelo que é trabalhado em conjunto entre a equipe principal e a base. Não há nenhuma imposição, mas as duas equipes seguem alguns princípios semelhantes de jogo. Já com um DNA ofensivo, a Seleção tem se especializado para ser competente na fase defensiva, algo trazido da escola sueca com a técnica Pia Sundhage.
Em Porto Alegre, a atleta se sentiu em casa. Ela já passou por aqui em 2021, quando atuou pela base do Inter. Observada pelo técnico David da Silva, foi trazida para a disputa de dois campeonatos. Foi a melhor jogadora da Copa Nike sub-17 com a camisa colorada.
Giovanna chamou a atenção do noticiário no ano passado, mas não apenas pelo talento. Sem categoria para sua idade, ela jogava com meninos na equipe sub-13 do Botafogo. O que gerou comoção foi o relato de que ela ouvia ameaças de pais e mães dos adversários.
— Gritam mandando me matar, dizendo para não deixar eu jogar, que futebol é para homem. O fato de eu ser menina pesa porque os pais (dos atletas adversários) não aceitam quando vou melhor do que eles. Eu jogo, vou para cima deles e eles me batem — contou em entrevista ao ge.globo.
No ano passado, deixou o Botafogo para atuar no Florida FC, time de John Textor nos EUA, para poder jogar na sua categoria. Por lá, tem dividido a rotina entre estudo e futebol. Inclusive, ela já despertou o interesse da seleção local.