O governador de São Paulo, João Doria, desembarca nesta terça-feira em Porto Alegre, na reta final da campanha que definirá o candidato do PSDB à Presidência da República. Ao tomar conhecimento da notícia, integrantes do tucanato gaúcho foram às redes sociais falar em desrespeito. Afinal de contas, o Rio Grande seria território sagrado de Eduardo Leite, o principal adversário de Doria na prévia que acontece dia 21 de novembro. Desrespeito, porém, seria Doria não passar pelo Estado, o 21º a ser visitado. Foram mais de 30 mil quilômetros percorridos, nos finais de semana ou depois do expediente de trabalho.
Nos últimos anos, Eduardo Leite tem visitado São Paulo assiduamente. Imaginem se recebesse lá o tratamento hostil pregado pelos mais exaltados aqui. Chegou a hora de mostrar que o discurso de construção e de paz é verdadeiro. Leite certamente não embarcará na tese da grosseria e da falta de cordialidade. Uma demonstração efetiva seria estar às 17h30 no aeroporto, receber Doria com um abraço e com duas cuias de chimarrão, porque a covid assim exige. Tratar mal o governador de São Paulo, como pregam os destrambelhados, é ruim para o Rio Grande do Sul, porque reforça a imagem, caricata e muitas vezes injusta, de beligerância e conflito tantas vezes colada ao nosso jeito de ser.
Doria desembarca terça no fim da tarde e vai para o Hotel Plaza São Rafael, onde concederá uma entrevista coletiva ao lado de filiados, prefeitos, vices e vereadores. Elogiará Leite, com certeza. Depois, retornará à capital paulista. A coordenação de campanha do governador paulista reconhece que a vinda ao RS, na reta final da campanha, pode até dar margem para interpretações, mas nega que seja uma provocação.
Explica que um dos fatores determinantes para a escolha da data foi a disponibilidade da ex-governadora Yeda Crusius, principal apoiadora gaúcha de Doria, que teve covid e outros contratempos que impediriam a sua presença, antes, ao lado de João Doria no RS. Seja como for, a vinda de Doria deve ser entendida como o reconhecimento da relevância do Estado e não motivo para bravatas e dedos em riste.
O otimismo no QG do governador paulista é grande. De acordo com os cálculos da campanha, 70% dos inscritos para as prévias são de São Paulo. Isso sem contar com os apoios já recebidos em outro Estados, inclusive no Rio Grande do Sul.