A tecnologia já existe. É segura e legal. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) aposta em um projeto inovador para economizar boa parte dos R$ 300 milhões gastos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a cada ano, para comprar remédios importados feitos com canabidiol, substância extraída da planta cannabis e usada em tratamentos de casos de esclerose múltipla, esquizofrenia, Parkinson, epilepsia e ansiedade. Pesquisas ainda estão em andamento.
A ideia é concentrar a produção no laboratório da Faculdade de Agronomia. Hoje, um dos gargalos é a matéria prima. Para as pesquisas e os primeiros testes, já realizados com sucesso, a UFRGS vem utilizando maconha apreendida do tráfico pela Polícia Federal. Mas o fluxo, bem como as características da planta, são variáveis, o que impede uma produção constante.
Entusiasta do projeto, o reitor Carlos Bulhões revela que os pesquisadores da universidade já detém a técnica de plantar e colher cannabis geneticamente modificada, sem o THC, o principal componente ativo da maconha, responsável pela maior parte dos efeitos psicoativos do seu consumo. Com isso, a produção seria mais segura e com garantia de destinação total para usos médicos.
Bulhões explica que a fabricação local do canabidiol por uma universidade baixaria os custos de importação e de produção dos medicamentos. Ao mesmo tempo, o ingresso de recursos ajudaria a UFRGS a financiar de forma sustentável o ensino superior oferecido à população.
O mercado de canabidiol já movimenta mais de US$ 3 bilhões no mundo anualmente e vem crescendo acima de 30% a cada 12 meses.