As teses são lindas. O comunismo trata a todos de forma igual, sob a tutela de um Estado justo, generoso e onipresente. O capitalismo dá a cada um as oportunidades, pelo seu mérito, de crescer e se desenvolver. Maldita realidade, que estraga tudo. A vida real é cheia de nuances, desvios, tradições, crenças, imperfeições e resistências.
O mais novo capítulo desse choque entre o ideal e o possível é declaração do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que manifestou contrário ao uso obrigatório de máscaras Por dever de justiça, é importante ressaltar que Queiroga não afirmou ser contrário ao uso da proteção, mas sim condenou a obrigação de usá-las, porque isso deve ser fruto de um “processo de conscientização”.
Lindo. Emocionante. Adoraria ver essa lógica aplicada ao pagamento de impostos, por exemplo. O idealismo do ministro é louvável. Adoraríamos todos viver em uma sociedade na qual cada fizesse a sua parte, sem necessidade de leis, de multas e de polícia. Nesse mundo, nem mesmo ministros da Saúde seriam necessários. Mas aí vem ela, a maldita realidade, cheia de desinformação, disputas de poder e radicalizações.
A casa está pegando fogo e o ministro acha que ninguém deve ser obrigado a sair, nem os que põem gasolina nas chamas e os que dormem, anestesiados, a não ser que queiram. Lindo, ministro, lindo.