O Brasil assiste e aplaude, como se fosse normal, visitas e manifestações calorosas de solidariedade de políticos e de partidos ao ministro do STF Alexandre de Moraes, que teve seu impeachment pedido pelo presidente Jair Bolsonaro. É preciso separar e explicar os fatos nesses tempos em que a radicalização emburreceu o Brasil: em meio à pandemia, ao crescimento do desemprego e à crise energética, perder tempo discutindo afastamento de um ministro do STF nada mais é do manobra diversionista.
Dito isso, vamos ao tema central desse texto. Se Alexandre de Moraes pensasse duas vezes, rejeitaria enfaticamente a solidariedade pública dos inimigos de Bolsonaro, porque esse movimento, além de equivocado do ponto de vista institucional, empurra ainda mais o STF para onde a corte jura que não quer estar: o centro do debate partidário e eleitoreiro. Até os integrantes da CPI da Covid, que investiga o governo, tiraram uma casquinha de Moraes, organizando uma visita de solidariedade ao ministro.
Recorro, mais uma vez, a conversa que tive, alguns anos atrás, com um ex-ministro da Suprema Corte da Alemanha, que esteve em Porto Alegre. Ele contou que nos seus anos de mandato, jamais conversou com um político. Até porque a Suprema Corte da Alemanha fica longe de Berlim, onde está o governo e o parlamento. Aqui no Brasil, a harmonia dá lugar à promiscuidade. Alexandre de Moraes não precisa do carinho interesseiro dos inimigos do governo. Deveria sim é manter distância deles e mais proximidade do texto da Constituição.