Tantas vezes alinhada com o lado errado da História, a extrema esquerda brasileira anda quieta diante da chegada do Talibã ao poder no Afeganistão. O constrangimento é compreensível. De um lado, um regime teocrático que persegue mulheres, gays e todos os que não acreditam em Deus de um jeito único e imposto. De outro, os Estados Unidos, a “potência invasora”, mas que agora, diante da iminência do caos, sofre pressão de boa parte do mundo para manter suas tropas em território alheio.
O caso expõe, mais uma vez, o choque entre teoria e prática ao desafiar o surrado conceito de soberania. A pergunta cutuca os extremos: soberania para quê? Para assassinar adversários e oprimir minorias? Ou para garantir liberdades e bem-estar?
Não tenho dúvida: existem valores universais e civilizatórios que precisam ser defendidos em nome de algo mais importante do que um conceito amplo e, muitas vezes, defendido burramente por quem acha que a ideologia vem antes da realidade objetiva e da obrigação de defender o povo dos ditadores, usem eles turbante, farda ou gravata.