Há décadas vem sendo assim. O anúncio do reajuste da tarifa de ônibus em Porto Alegre obedece a uma coreografia lógica:
- O cálculo oficial chega a um valor X, muito elevado.
- A prefeitura não aceita.
- No fim, o aumento é menos pior do que poderia ser.
De fato, o valor entre R$ 4,80 e R$ 4,90, que tende a ser o final, ainda é caro demais para o bolso do trabalhador e pouco atrativo na concorrência com os aplicativos, especialmente nas distâncias menores. Mas não se descarta algum outro malabarismo tarifário de impacto.
Seja como for, o poder público está de mãos amarradas. Há um contrato a cumprir com as empresas e, ao mesmo tempo, uma má vontade justificável com subsídios que poderiam baixar o preço pago pelos passageiros, que já usavam menos o sistema, mesmo antes da pandemia.
Vontade de vender a Carris não falta. O que falta é quem pague um preço justo por uma empresa inchada.
Restará, no fim da dança da tarifa, o falso alívio ao ver o bode saindo, não da sala, mas do ônibus.