Jair Bolsonaro tem um comportamento aparentemente errático em temas relevantes, como vacinação e distanciamento social. Uma hora diz que sim, na outra diz que não e, ato contínuo, dispara um talvez. Embora, aparentemente, essa metralhadora giratória de opiniões pareça aleatória, por trás dela há uma lógica, baseada em pesquisas e no desejo de buscar a reeleição em 2022.
Bolsonaro precisa de 25% de apoiadores fies para ter chance de vitória nas urnas. E por isso, depende totalmente da fatia destrambelhada do país. Sem essa parcela, infelizmente numerosa, suas chances de sucesso se esfarelam. O presidente está matematicamente amarrado aos radicais já que, a essas alturas, não tem energia, possibilidade e nem vontade, provavelmente, para migrar de verdade em direção ao centro. Antes que o ranger de dentes e a ira transbordem, vale ressaltar: não estou tentando aqui afirmar que todos os eleitores de Bolsonaro são malucos e radicais de direita, mas sim que todos os malucos e radicais de direita são eleitores de Bolsonaro.
Então, sempre que faz um aceno ao bom senso e ao equilíbrio, o presidente, logo depois, manda um recado ao seu núcleo mais fiel. “Não esqueci de vocês, eu sou um de vocês”. Os movimentos supostamente randômicos de Bolsonaro miram em duas direções: Enquanto usa máscara e defende e o diálogo, pensa na governabilidade e em chegar ao fim do mandato. Quando tira a máscara e aplaude a cloroquina, só pensa na reeleição. Para isso, quanto mais Lula e mais polarização, melhor. Não se trata de uma opção, mas da falta dela. É o que faz o estreitamento dos caminhos e o emburrecimento do debate nacional.