Uma CPI no Senado é o pior jeito de investigar com seriedade a desastrosa gestão da pandemia. Impossível esperar conclusões minimamente isentas de uma casa política e, mais do que isso, tensionada pela radicalização.
Mesmo antes de seu começo, a CPI já mostra a que veio. Será uma grande disputa de narrativas e, lá no fim, não terá elementos concretos para condenar ou absolver. Ou terá para ambos, de acordo com a perspectiva de leitura dos fatos. Será mais uma gritaria, apenas isso. Foi-se o tempo em que essa ferramenta realmente servia ao seu real propósito de jogar luz sobre a realidade. Todos os integrantes da comissão já têm suas conclusões solidificadas antes mesmo de qualquer depoimento ou diligência.
A CPI será uma perda de tempo com o risco, lá no fim, de servir exatamente ao oposto a que se propõe. Trata-se apenas de um ensaio para a campanha eleitoral que se avizinha. Nada mais é do que a pauta de um programa na propaganda gratuita e, talvez, o gancho para uma pergunta picante em um debate entre os candidatos.
Enquanto a politicagem absorve as energias do Congresso, alertas sobre o recrudescimento da pandemia ocupam menos espaço na mídia e nas redes sociais. Precisamos de cuidado, de vacinas e de UTIs. Que os políticos que não compreendem isso fiquem falando sozinhos. E que sejam julgados pelas urnas.