Prevaleceu o bom senso. O governador Eduardo Leite tomou para si a responsabilidade pelas decisões graves que precisam ser tomadas para evitar que o caos e a dor se instalem de vez nos lares e nos hospitais gaúchos.
A elogiável mudança de rumos ocorreu depois de Leite ceder às pressões de um Frankstein chamado “cogestão” e de divulgar um apelo furado aos prefeitos. Leite pediu a eles que fossem rígidos na fiscalização das medidas de prevenção à covid-19. Não iria funcionar. Se em Porto Alegre Sebastião Melo dá nó em pingo d’água para equilibrar os pratos da sua base de apoio, imagine em uma cidade menor, onde o dono do mercado joga bocha com o prefeito, que é padrinho do filho do caixa desse mesmo mercado, amigo do pai da professora e vizinho do delegado.
É justamente por isso que as medidas mais duras têm que ser tomadas — e cobradas — em níveis elevados da administração pública. Também é esse o sentido dessa estrutura gigantesca, financiada por nosso impostos: dividir o poder e a responsabilidade em camadas, com atribuições diferentes e complementares. O perfil conciliador de Eduardo Leite traz mais vantagens do que prejuízos ao Estado. Mas existe a hora de bater na mesa e assumir na plenitude o ônus de ser governador. Foi o que ele fez nesta quinta-feira, depois de patinar por alguns dias.
Agora é esperar que Eduardo Leite exerça na plenitude o poder a ele conferido pelo voto. Não é hora de ser simpático. É hora de salvar vidas.