Assisti online, nos últimos dias, a pelo menos uma dúzia de palestras e conversas do Web Summit, o megaevento de tecnologia que tem Porto Alegre como candidata à sede da sua edição sul-americana, marcada para 2022.
O programa desse ano incluiu centenas de módulos curtos, que duraram entre 15 e 20 minutos, geralmente com mais de um convidado e com um mediador/entrevistador. Divididos por eixos temáticos, apresentaram uma mistura de artistas, inovadores, empresários, criadores, nerds, geeks, malucos, acadêmicos, jornalistas e políticos. Havia ainda algumas funções bem interessantes no app, como o Mingle, encontros de 3 minutos entre pessoas definidas pelo algoritmo, com base nas preferências e perfis de cada um. Tipo blind date, só que curtinho e focado em trabalho.
Depois da experiência, posso afirmar: se Porto Alegre vencer a disputada com o Rio de Janeiro, valerá a pena investir para. O Web Summit global, realizado em Lisboa, foi virtual, o que não deve acontecer com a edição de 2022. Teremos em Porto Alegre hotéis lotados, lojas cheias, restaurantes apinhados, aplicativos de mobilidade bombando e aeroporto movimentado. Mas não me refiro apenas a isso.
O ganho com esse tipo de evento talvez não seja tão relevante para cidades como Nova York ou mesmo para o Rio de Janeiro, que já são centros turísticos e bem mais cosmopolitas. Mas para Porto Alegre, existe um benefício de valor incalculável: a projeção da marca em escala continental e global. Mais ou menos o que aconteceu com a Copa, mas em outros segmento — o da inovação e tecnologia.
E antes que falem das obras inacabadas, apresento fatos: Porto Alegre e o Brasil conquistaram uma visibilidade gigantesca mundo afora graças ao Mundial de 2014. O problema é que, depois, preenchemos esse espaço com manchetes sobre corrupção e crise. A Copa deu certo, o problema é o que fizemos com o sucesso. Mesmo intangível, a notoriedade trazida por eventos desse porte, além dos ganhos imediatos na economia local, gera oportunidades de negócios bem mais perenes e relevantes. Mas precisamos de uma estratégia para isso. Já sabemos como fazer, apesar da vigilância e da euforia da caranguejada, que agora tem mais uma boa ideia para tentar destruir.