Mais uma vez, quase ninguém presta muita atenção neles. Os candidatos a vice-prefeito nas chapas de Sebastião Melo e de Manuela D'Ávila são parecidos nas suas posturas políticas, embora diferentes ideologicamente. Ambos têm posições extremamente definidas – Ricardo Gomes é um liberal, Miguel Rossetto, um esquerdista. Mas o que mais os aproxima é terem vozes fortes e próprias. Não combinam com a imagem de um vice discreto e de poucas palavras. Seja qual for o eleito, ouviremos falar muito nele nos próximos quatro anos. Se por um lado isso é bom, porque dará corpo e substância ao governo, por outro será um desafio a mais para quem vencer o segundo turno em Porto Alegre.
No caso de Manuela, do PCdoB, o vice, do PT, é de um partido maior e mais estruturado do que o dela. Naturalmente, buscará espaço no governo. Definir esse limite será decisivo para a manutenção do equilíbrio da gestão. Já o liberalismo de Ricardo Gomes tem zonas nem sempre harmônicas com a trajetória de Melo e com a própria história centrista do MDB. A política, porém, é a arte da composição. Essa habilidade será mais necessária do que nunca, dados os perfis dos candidatos e dos seus vices. A lição já foi dada. Arranjos feitos para vencer uma eleição muitas vezes acabam estressados pela prática do poder. Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão que o digam.