Uma vez, no bar da redação da Zero Hora, conversávamos, Paulo Sant’Ana e eu. Às vezes, quando precisava de um interlocutor ou de um ouvinte, o Pablo passava pela minha mesa, apontava para mim e depois para a porta. Não era um convite. Era uma convocação. Pouco importava o que eu estava fazendo. A prudência mandava interromper imediatamente e me dirigir à mesa de sempre para um café.
Naquela época, o Santana andava pegando no pé do goleiro Marcelo Grohe, que havia feito mais uma excelente partida na noite anterior. Minha função era escutar. Nem sempre era possível falar muito nos encontros ali no bar, mas houve uma brecha. E eu não perdi a chance. Bem sério, cutuquei: “E o teu goleiro, hein?”.
Pablo deu uma baforada no cigarro, olhou para cima e fez uma pausa dramática, daquelas que prendem a atenção da plateia. “Vou te ensinar uma coisa sobre o Gre-Nal, o futebol e a vida”, começou. “Quando acreditares em uma ideia, insiste. Insiste sempre. Não recua. Um dia terás razão”. E passadas algumas semanas, Grohe levou um daqueles gols defensáveis. Adivinhem sobre o que o Paulo Sant’Ana escreveu no outro dia?