Depois de conversar com o ex-presidente do STF Sydney Sanches me convenci: no Brasil, o processo de impeachment é essencialmente político. Foi assim com Collor e com Dilma. Tanto que os parlamentares, transformados em julgadores durante os respectivos processos, não precisam justificar seus votos. É sim, ou não. "Qualquer governo que não tiver pelo menos metade dos votos no Legislativo encontrará muita dificuldade para governar.", me disse o presidente da Suprema Corte na época do impeachment de Collor.
Agora, Nelson Marchezan corre o risco de enfrentar a mesma lógica. Atritado com setores empresariais e com boa parte dos vereadores, o prefeito da Capital se vê envolto em ameaças de um processo de afastamento. A proximidade das eleições municipais de novembro deixa tudo ainda mais explosivo. Logo, a reposta de Marchezan precisa ser também política. O que é difícil nesse momento em que ceder por um lado pode significar perder mais no outro.
É impressionante como setores as sociedade realmente acreditam que jogar o piloto pela janela no meio de uma tempestade vai impedir o avião de cair. No momento em que Porto Alegre vem se saindo melhor do que Nova York, Milão e Madri no combate à pandemia. Mas, repito e insisto, assim é a política. Para o bem e para o mal. E se nela estão os problemas, só nela estão também as soluções.