Podem culpar o presidente, o governador ou o prefeito. Faz parte. Mas, se chegarmos ao lockdown em Porto Alegre, eles terão a menor fatia da responsabilidade. O primeiro vilão, não esqueçamos, é um vírus que levou ao caos sistemas de saúde bem mais robustos do que o nosso - os de Nova York e Milão, por exemplo. O coronavírus é a causa de tudo isso. Ele e as circunstâncias culturais, econômicas e sanitárias que levaram essa mutação específica a se espalhar pelo planeta. Agora, é natural que pensemos pouco nisso, com a água chegando ao pescoço.
Responsabilizado o vírus, a contaminação se dá porque nos expomos a ela. Há centenas de milhares de pessoas que não têm opção. Profissionais da saúde, da segurança e de serviços essenciais que, bravamente, se arriscam para cuidar dos outros. Essa é uma parcela.
A outra, é a dos cansados, desatentos, irritados e negacionistas, que desmoralizam os decretos indicando o uso proteção e as distâncias uns dos outros. Se há algo em que os governantes falharam, é não terem sido mais rígidos lá atrás, na fiscalização. E na punição didática dos desobedientes. Faltou esse recado. O de que era para valer. E de que cada um é tão responsável quanto o outro, sem paternalismo. Com isso, o próximo degrau se avizinha. E ele é bem mais difícil de subir.