Nos últimos finais de semana, temos visto manifestações, especialmente em Brasília, no Rio e em São Paulo, de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Muitas delas dão carona a faixas pedindo o fechamento do STF e do Congresso, além da volta da ditadura. Não são grupos grandes, mas fazem barulho e viram notícia, especialmente quando o presidente vai até eles – a pé, galopando ou de helicóptero.
As pesquisas mostram que aproximadamente 40% dos brasileiros rejeitam o atual governo, enquanto 30% dão suporte a Bolsonaro. Baseados nos números, muitos podem se perguntar onde está a maior fatia do país.
São raríssimas, até agora, as manifestações de rua repudiando o governo. Houve uma em São Paulo no fim de semana passado, protagonizada por torcidas organizadas de clubes de futebol, que não representam historicamente a defesa da paz e da ponderação. Terminou em pancadaria.
O vazio popular no campo da oposição tem, porém, um motivo racional e lógico. A maioria do país compreende a necessidade do isolamento e sabe que aglomerações, nesse momento, não são recomendáveis. Por isso, não as promove e nem participa delas, atendendo à recomendação dos médicos e dos gestores públicos que ficaram do lado da razão. Outro fator que explica a rua vazia é a falta de uma voz que aglutine a mensagem da oposição.
Já Bolsonaro, que despreza as orientações dos especialistas em saúde, não só estimula como também participa ativamente de aglomerações, o que gera um desequilíbrio na percepção do fator "apoio popular".
Na medida em que as regras do distanciamento forem sendo relaxadas, no futuro, a tendência é de que as manifestações contra o governo ganhem volume e intensidade. Hoje, a maior manifestação crítica a Bolsonaro é ficar em casa, embora as tentações de sair para a rua aumentem na exata proporção da visibilidade alcançada pelo outro lado.