É emocionante ver as ruas do planeta cheias de gente pedindo igualdade e justiça. Essa é uma pauta permanente de toda a sociedade e não apenas dos grupos mais atingidos pelo racismo e pela discriminação.
É legítimo e necessário criticar a polícia quando brutalidades acontecem. E punir exemplarmente os que se desviam do caminho, ainda mais quando têm totais condições para fazer o certo. O policial que assassinou George Floyd recebeu treinamento e equipamentos de ponta e não agia ali pressionado a tomar uma decisão instantânea. Teve tempo para pensar no que fazia e, mesmo assim, optou friamente por manter o joelho no pescoço de um cidadão nocauteado.
Mas é preciso ter cuidado para não cruzar uma fronteira perigosa. Criticar ações da polícia não pode se transformar em uma campanha contra a polícia. Se existe uma instituição necessária para que a sociedade viva em harmonia, é essa. No plano ideal, sonho com um planeta onde a força coercitiva estatal seja desnecessária. Quem sabe um dia chegaremos lá. Mas, por enquanto, precisamos valorizar o trabalho desses homens e mulheres de farda. Uma das formas é fiscalizar e criticar as exceções, sem confundi-las com o todo.
Quando um inocente é morto pela polícia no Brasil, o que acontece, infelizmente, todos os dias, é imprescindível julgar e condenar o autor do crime, mesmo que ele esteja de farda. Com mesma convicção, deveríamos também exercer pressão para que nossas forças de segurança recebam mais e melhor treinamento, equipamentos e condições para trabalhar. Uma coisa não justifica a outra, mas há sim relação de causa e consequência entre o despreparo e a consequência da ação.
Por isso, a melhor maneira de honrar George Floyd e os milhares de negros, pobres e esquecidos mortos por quem deveria protegê-los é exigir justiça. Sem jamais esquecer que desse pleito faz parte a cobrança permanente por uma polícia cada vez melhor e mais forte.