Não é de hoje que a nossa Suprema Corte vem tropeçando na sua história. Agora, ao interferir na nomeação do diretor da Polícia Federal, o STF mais uma vez olha para a árvore esquece a floresta. Tenho minhas posições críticas em relação ao presidente Bolsonaro, mas não resta dúvida de que ele tem total amparo legal para nomear o delegado Alexandre Ramagem, atendidos os requisitos exigidos, o que acontece no caso.
Barrar a indicação, antes que algum delito ou interferência indevida seja consumado, é um ato mais político do que jurídico. Sempre há amparo legal. Não é isso que discuto aqui. O que me preocupa é o futuro, é o precedente que se abre. Ramagem é amigo dos filhos do presidente. Isso só pode ser um problema se virar, na prática, um problema. O que é provável que ocorra, mas ainda não aconteceu.
Vejo ministros do STF usando redes sociais para bater boca e se pronunciar politicamente sobre temas do cotidiano. É claro que todos são cidadãos e têm suas visões sobre os fatos atuais. Mas a toga mais pesada do Brasil exige ponderação e um certo resguardo. Em uma democracia saudável, uma Suprema Corte decide com o cabeça nos fatos presentes, mas com o olhar no futuro. Não é o que acontece por aqui. Pagaremos o preço. Tomara que não seja caro demais.