Sete anos depois, a Justiça ainda avalia a forma dos julgamentos dos réus do caso Kiss. Não se discute aqui a pertinência legal do debate sobre o local dos júris, mas sim a sua posição no tempo e os impactos nas memórias dos mortos e nas vidas dos sobreviventes, familiares e amigos marcados para sempre pela tragédia.
Olhando para a Justiça em uma perspectiva conceitual e mais ampla, o que ocorre é inaceitável. Como explicar para um pai e uma mãe de uma menino assassinado pelo descaso e pela negligência que, sete anos depois, não há definição sobre questões meramente técnicas? Se é verdade que justiça tardia é injustiça, já passou, há muito, da hora em que o debate formal seria aceitável. Que algum juiz em Brasília tome uma caneta nas mãos e determine o fim desse crime continuado.
Uma Justiça que, em sete anos, não consegue decidir como um julgamento será feito, está com algum problema grave. Repito: sempre há justificativa legal para fazer ou para não fazer, para decidir ou para postergar. A questão aqui é moral, ética e humana.
Adiar novamente o começo dos julgamentos por questões que estavam postas lá atrás é agressivo e desrespeitoso. Não há novas provas, fatos que só agora vieram à luz ou nulidades processuais gritantes.
O incêndio da Kiss nunca vai se apagar. Mas as vítimas merecem, pelo menos, a celeridade máxima dessa Justiça tardia que temos a oferecer.