Nossos concorrentes, mais uma vez, foram ajudados pela nossa bravura e pela nossa burrice.
Depois do vexame, o que mais se ouve são as mesmas desculpas de sempre: “Coisa do futebol” e “o jogador ficou de cabeça quente”. Ora, imagine se essa mesma lógica pudesse justificar erros de outros profissionais. O médico se atrapalhou na cirurgia porque estava de cabeça quente. O motorista do caminhão entrou na contramão na freeway lotada por uma coisa de momento.
Esses valentões que brigaram ontem, mostrando para o mundo um Rio Grande do Sul violento e patético, ganham milhares de reais por mês para representar um clube, uma cidade, um Estado e um país. Embora não saibam, são muito maiores do que um jogo de futebol.
O que sobra do clássico é mais uma chance perdida pelo Rio Grande do Sul e mais uma prova de que maltratamos uma marca valiosa e nossa, que se chama “Gre-Nal”. Porque agora, em vez de falar no orgulho de um espetáculo transmitido para milhões de pessoas mundo afora, estamos dando explicações furadas para justificar o injustificável.
Nesse contexto, o árbitro teve atuação elogiável. Se fosse gaúcho, acomodaria. Um vermelho para cada lado e segue o baile. O argentino Fernando Rapallini cumpriu a regra. Botou oito para fora, entre titulares e reservas. Palmas para ele.
A quem a pancadaria serviu? Aos adversários de Inter e Grêmio na chave, que enfrentarão times desfalcados na próxima rodada. Coisa de caranguejo raiz. Sem falar em prováveis punições extras a serem impostas pela Conmebol.
Agora, cumprindo o ritual da imbecilidade previsível, colorados e gremistas se engalfinham em redes sociais apontando os dedos uns para os outros. “A culpa é tua”. “Não, é tua”.
Tanto faz.
Perdemos todos.