
O Inter fez a sua mais corajosa e melhor atuação em Gre-Nais na Arena nos últimos anos, mas tudo isso ficou em segundo plano pela briga generalizada protagonizada pelos jogadores dos dois times nos minutos finais do clássico. Logo após o apito final e antes que atletas e o técnico Eduardo Coudet concedessem entrevista, o presidente Marcelo Medeiros foi aos microfones lamentar a forma como terminou o primeiro encontro entre os dois maiores clubes do Estado na Libertadores.
— Não foi para isso que eu entrei no futebol. Não entrei para ajudar o Inter para estimular esse tipo de acontecimento. São coisas que a gente reprova. A gente deve reprovar sempre quando as coisas saem da civilidade. Vamos conversar internamente, da mesma forma que o Grêmio vai fazer — declarou Marcelo Medeiros, que criticou também a postura do árbitro argentino Fernando Raballini ao longo da partida.
— Vamos continuar pregando respeito ao adversário e a convivência civilizada. Todos nós temos de fazer uma reflexão, até mesmo da postura do árbitro. O árbitro poderia ter impedido que o episódio tivesse a consequência que teve — continuou.
Com a experiência de ter disputado alguns dos clássicos de alta rivalidade da Argentina, como Boca x River, Racing x Independiente e Rosario Central x Newell’s, Eduardo Coudet disse que jamais havia passado pela situação de terminar um jogo com apenas sete jogadores de linha. O treinador do Inter tentou desviar dos questionamentos sobre a confusão, dando preferência a falar sobre a atuação do seu time no Gre-Nal.
— Da forma como se leva um clássico desses, leva que aconteça algo assim. Foi a primeira vez na minha carreira que terminei um jogo com sete jogadores (de linha). O campo é muito grande para jogar com sete. Mas foi assim que aconteceu, devo destacar a parte futebolística que foi nós virmos aqui para atacar. Como falamos durante a semana, não importa onde e contra quem vamos jogar, temos de tentar impor nosso futebol — disse o treinador.
Eduardo Coudet afirmou que preferiu não conversar sobre a confusão com seus jogadores logo após a partida, com os ânimos ainda exaltados. O treinador admitiu, porém, que irá tratar do assunto com os atletas na reapresentação do elenco, mas até brincou com os repórteres dizendo que espera que o conteúdo dessa conversa não seja descoberto pelos jornalistas.
— Conversar agora, pontualmente com alguém, é muito difícil. Seguramente, conversaremos amanhã (sexta) mais tranquilos. Nós não temos um plantel tão amplo e necessitamos de todos. Tudo que falaremos internamente, não iremos dizer para vocês. Vamos conversar, mas vocês não vão ficar sabendo o que vamos falar. Pelo menos eu espero — ressaltou.
Em relação ao jogo, Eduardo Coudet avaliou que o Inter foi superior ao Grêmio. O técnico argentino afirmou que o Tricolor fez uma pressão inicial, mas que depois seu time conseguiu impor seu jogo.
— O jogo se deu como pensamos. O Grêmio saiu para pressionar no início e deveríamos estar equilibrados para essa disputa. Depois desses primeiros minutos, passamos a jogar como havíamos planejado. Na etapa final, quando estávamos encontrando espaços e chegando, não conseguimos concretizar. Até a confusão, penso que, em linhas gerais, estivemos melhor.
Um dos líderes do elenco colorado, Marcelo Lomba foi o único jogador do Inter a conceder entrevista na Arena e seguiu o tom de tentar falar da parte técnica e tática do jogo. Sobre a briga, o goleiro citou a pressão do clássico como um fator para os atletas perderam a cabeça.
— A confusão não é legal, passou do ponto. São coisas que os dois times vão conversar. Temos de focar em jogar futebol. Não estamos satisfeitos com o que aconteceu hoje. O nosso foco é em jogar futebol. O time foi premiado com um bom jogo, mas ali são frações de segundo. Não dá para entender muito. Ali dentro é muita pressão. De repente, acende uma faísca e acontece isso — concluiu.
O Inter voltará a campo no domingo para enfrentar o São José, no Passo D'Areia, pelo Gauchão. O próximo compromisso pela Libertadores, contra o América de Cali, ainda não tem data por conta da decisão da Conmebol de suspender a competição em razão da expansão do coronavírus na América do Sul.