O jornalista Caio Cigana colabora com o colunista Tulio Milman, titular deste espaço.
Em meio às notícias sobre a disseminação do novo coronavírus na China, espanta a velocidade com que o país vai erguer novos hospitais para tratar pessoas infectadas na região metropolitana de Wuhan, epicentro da epidemia. Na sexta-feira, quando impressionavam as imagens de dezenas de máquinas trabalhando no terreno, a informação era de que o prédio que terá mil leitos estaria pronto em seis dias e seria inaugurado em 3 de fevereiro. No sábado, o governo anunciou um segundo hospital, com mais 1,3 mil vagas, a ser concluído em duas semanas.
A rapidez, claro, tem explicações que vão muito além de sistemas construtivos mais ágeis e da gravidade da situação. Em um país governado por um regime totalitário rígido, questões burocráticas como licenciamentos e licitações praticamente inexistem. Desapropriações são simples despejos. Um canetaço basta, ainda mais em uma situação de emergência.
Feitos no quesito agilidade não faltam. Em 2003, durante a epidemia de SARS, que matou cerca de 800 pessoas no mundo, outro hospital em Pequim foi construído em uma semana. Apenas para comparação, a ampliação do Hospital de Clínicas, em Porto Alegre, demorou cinco anos. A celeridade se espalha por outros setores. Em 2015, na cidade de Changsha, um prédio de 57 andares, com 800 apartamentos residenciais e espaço comercial para 4 mil pessoas, foi concluído em 19 dias. Dois anos atrás, uma linha completa de trem de 246 quilômetros foi finalizada com somente oito horas e meia de trabalho. Inimaginável para um país como o Brasil.