O poder de um exército não se mede mais pelo número de soldados.
Faz tempo que a tecnologia vem substituindo, também no campo militar, a força humana. A recente escalada de tensão entre EUA e Irã começou, vale lembrar, com o ataque de um drone – que voa sozinho, sem piloto ou tripulação. Uma operação marcada pela incrível precisão e concretizada, na prática, por um único homem na frente de um computador, talvez com alguma espécie de joystick na mão.
Por isso, esses milhares de novos combatentes enviados por Donald Trump ao Oriente Médio têm um significado mais simbólico do que prático. Demonstração de força é o nome disso. O verdadeiro impacto é o das imagens do embarque, reproduzidas milhares de vezes mundo afora. Há dois tipos de guerra que a tecnologia jamais irá substituir, mas sim potencializar: a da informação e a das palavras.
Se passaram alguns anos desde que entrevistei, no programa Mãos e Mentes, da TVCOM, o então comandante do Comando Militar do Sul, general Hamilton Mourão, hoje vice-presidente da República.
Foi ele quem me falou sobre esse novo soldado: nas Forças Armadas, motricidade fina vai ser tão ou mais importante do que a força física, garantiu. Acertou na mosca.
Blindados e infantaria ainda são, muitas vezes, fundamentais. Mas os movimentos curtos e precisos, suaves, são os que definem hoje o futuro das guerras. Dedos de um soldado geek deslizando suavemente em telas sensíveis, muitas vezes longe do campo de batalha.
O máximo da força desejável é a de um dedo apertando o botão.
O que faz a diferença, de fato, é a tecnologia desenvolvida, ao custo de bilhões de dólares, por uma das maiores e mais lucrativas indústrias do mundo. Aliás, a essa hora, dezenas de novos produtos esperam a oportunidade de serem testados de verdade.